O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Estamos no Além — Familiares diversos


1

Unindo corações

Na manhã de 6 de julho de 1979, em acidente automobilístico na Via Anhanguera, o jovem René Oliva Strang, com apenas 19 anos de idade, deixou o mundo material. Renezinho, assim chamado na intimidade, era filho do casal René Lima Strang e Yonne Oliva Strang, residentes na cidade paulista de Ribeirão Preto.

Transcorridos somente seis meses do doloroso acontecimento, Renezinho-Espírito voltou a conversar com seus pais pela psicografia do médium Chico Xavier, dizendo: “Estou muito confortado com o apoio que me deram. Sabia que os dois saberiam aguentar o tranco.” A confortadora carta também explica a sua experiência com o fenômeno desencarnatório, suas dificuldades de adaptação, o valor da prece… Cita familiares, amigos e vários Benfeitores da região espiritual de Ribeirão Preto.

Outras cartas se seguiram pelo mesmo médium e dentre elas destacaremos a Terceira, trazendo um apontamento importantíssimo, elucidando delicada questão familiar, que se desdobraria a partir desse momento, permitindo maravilhosa semeadura de amor, unindo corações para sempre!…


PRIMEIRA CARTA n


“Estou forte e aprenderei a ser o filho e o cooperador que lhes participará da existência na Terra.”

1 Querida mãezinha Yonne e querido papai, aquele abração de surpresa com os meus pensamentos condensados em prece a Deus por nossa paz.

2 Chegou enfim o momento; estou quase atrapalhado. Luz clara sobre nós e o público… e o caso não é para nenhuma representação.  3 É notícia, mas realidade, e me sinto à maneira de um novato em colégio, querendo escrever o melhor possível, sem achar em mim as palavras adequadas para isso. Assim mesmo, lá vai carta.

4 Estou muito confortado com o apoio que me deram. Sabia que os dois saberiam aguentar o tranco. Sinceramente, não foi fácil para mim a desvinculação. 5 Quando aquele peso avançou para nós, estávamos claramente desprevenidos; Serginho n e eu não tivemos tempo para qualquer opção. 6 Aliás, por aqui nos dizem que a morte do corpo não faz concorrência. Exerce o poder discricionário, em nome da Providência Divina, e isso escapa na Terra a qualquer um.

7 Ainda consegui, nas áreas de meu pensamento, encontrar um recanto para chamar por Deus e refletir nos pais queridos e na família.  8 Sabia que se achavam à distância, n porém naquele apagar das luzes, por dentro das ideias; enderecei aos pais queridos os meus anseios mais íntimos. 9 Queria dialogar, mesmo a supor à frente dos dois, como num exercício mental positivo; no entanto um sono de hipnose desconhecido, em minhas informações sobre o assunto, me absorveu de todo. 10 Quis, num derradeiro esforço, erguer-me para saber do companheiro, mas o corpo era agora uma engrenagem que não me respondia com qualquer reação. 11 Fiz força, reuni todas as minhas energias no intuito de recuperar as minhas faculdades de manifestação; entretanto, notei que mãos suaves, tão suaves quanto as da mamãe, me afagavam o rosto e me cerravam os olhos. 12 Ouvi como num cântico de embalar, quando a gente é ainda criança, uma prece que me recordava os dias de aprender de mãos postas. Aceitei a oração por bênção do Céu e me rendi ao repouso ou inércia obrigatória de que me via objeto. 13 Compreendia que o acidente me arrasara; contudo, a certeza de que estava a despedir-me do corpo não estava ainda em mim. 14 Quanto tempo dormi naquela sonoterapia de compulsão, não sei dizer.

15 Despertei num instituto de paz e refazimento, que me proporcionou a ideia de algum hospital de Ribeirão; acreditei-me acidentado e pedi pela família; se meus pais não tivessem voltado, queria as irmãs e alguns dos cunhados, para que me comunicasse com o exterior. 16 Somente depois de quatro dias, de muitas indagações sem resposta, recebi afinal a presença da vó Conceição, n que me acariciou com a bondade que todos conhecemos. 17 A princípio, em minha ingenuidade, considerei tudo tão natural, qual se estivesse sob as atenções inesperadas de alguma parenta a quem devia considerar com apreço e gratidão, quando foi ela própria que se identificou, a cientificar-me de que ali estava em nome do papai e da mamãe, a fim de prestar-me auxílio. 18 Entretanto, ao afirmar-me tranquilamente que não me situava mais na Terra física e que perdera o corpo de que me valia no mundo, cheguei a gritar, chorando à feição de um menino descontrolado… 19 Lembrei-me, porém, de tudo quanto aprendera das palestras em casa, n das convicções dos pais queridos e de muitos dos nossos amigos e asserenei-me.  20 Curvar, num rapaz habituado a fazer a vontade própria era difícil; no entanto, aquele sorriso carinhoso de mãe, que pairava na face da vovó, era um calmante a que não conseguiria resistir.

21 Ah, querida mamãe, aí começou outro capítulo da história. Fui, com minha avó, revê-los em casa e encontrei-os, sem encontrá-los. Estávamos perto e longe, nossos corações batiam no ritmo da saudade, mas estávamos presos em mundos diferentes. 22 Vi tudo: a nossa dor em comum contida pela fé em Deus, a carência de sentir e registrar o amor que nos reúne uns aos outros, sem que os nossos olhos se encontrassem… 23 Sei que no primeiro reencontro separaram-se os dois para chorarem comigo, um distante do outro. Era preciso ser forte, continuar firme na fé, e procurei agir com a fortaleza possível, segundo me ensinaram… 24 Desde então, nossas lágrimas ocultas se entrelaçam na mesma faixa de saudade e lembrança, e impulsionado pelos avisos salutares que me enviam, tenho buscado compreender e adaptar-me.

25 Querido papai, bons amigos me auxiliam, em nome de nossa família e de nossa amizade. Não há separação aqui entre os que aceitam Jesus por Mestre e Senhor. O nosso amigo Dr. Camilo de Mattos n e o Monsenhor Siqueira, n o Cônego Barros n e o irmão Ramos, n o professor Raul n e outros amigos nossos se irmanam no mesmo trabalho de auxiliar para o bem dos outros. É uma corrente de bondade que nenhuma desarmonia consegue diminuir.

26 Existe uma instituição enorme de apoio espiritual, estabelecida a princípio por antigo sacerdote de Ribeirão, de nome Irmão Ângelo Philedony Torres, n e nessa grande comunidade me reúno a outros companheiros, aprendendo a me instalar ou reinstalar na vida diferente em que me encontro. Sérgio, o amigo, se vê nessa mesma casa de paz e benemerência e vamos seguindo numa preparação com a qual até julho passado não contávamos.

27 Posso tão pouco ainda, mas desejo que digam à querida Martha n para não se conturbar com as experiências da vida. Nossa Tatiana n é para ela e para nós um tesouro e Deus auxiliará a querida irmãzinha a vencer os obstáculos que se opõem ainda à preservação do lar feliz. Tudo vai passando. 28 Ainda ontem estava eu aí, a partilhar de nossos planos e agora já me reconheço noutro campo de vida. Nossa querida Martha será amparada. Envio a ela muito carinho e saudades para serem distribuídas com Margareth, n com Irene n e com Cristina, n sem me esquecer do Silva, do Julião, do Machado e do Lousada.

29 Mãezinha Yonne e querido papai René, perdoem-me se escrevo muito. Saudade de filho é uma doença para a qual as muitas palavras é que fazem o remédio.

30 Devo terminar; a vovó Maria da Conceição, em minha companhia, lhes deixa um grande abraço.

31 Minha letra não é a mesma; é preciso escrever apressadamente e devo aproveitar o apoio que os amigos daqui me oferecem para isso. Entretanto, espero que me procurem por trás das frases escritas e encontrarão o menino, aquele mesmo rapaz no qual depositaram tantas esperanças.  32 Creiam-me, no entanto, que estou forte e aprenderei a ser o filho e o cooperador que lhes participará da existência na Terra, conquanto de outro modo, diverso daquele com que imaginava, de minha parte, seria o futuro.

33 Abençoem-me. Agradeço as preces com que me encorajam. Mãezinha, muito grato pelos pensamentos e palavras de ternura que o seu amor me endereça através dos retratos e meu reconhecimento por todo o amparo que recebo constantemente para que não sinta só, nem estrangeiro onde agora me encontro. n

34 Muitas lembranças a todos os corações ligados aos nossos e recebam, querido papai e querida mãe, um beijo de muito carinho e gratidão do filho que lhes pertence em nome de Deus e lhes pertencerá para sempre.

35 Sempre o filho reconhecido, n


René.

René Oliva Strang. n


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Psicografada por Francisco C. Xavier, aos 12/1/1980, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece (GEP), na cidade de Uberaba, MG. n


2 — Serginho — Sérgio Neves Zucolotto Filho, amigo e companheiro de desencarnação.


3 — Sabia que se achavam a distância — Na época, seus pais estavam de viagem pela Europa.


4 — Vó Conceição — Maria da Conceição Lima Strang, avó paterna, desencarnada em Ribeirão Preto, a 28/8/1977.

5 — Lembrei-me, porém, de tudo quanto aprendera das palestras em casa, das convicções dos pais queridos — Refere-se aos ensinamentos espíritas, sempre comentados pelos seus pais, no lar.


6 — Dr. Camillo de Mattos — Dr. Joaquim Camillo de Morais Mattos (1894-1945), advogado de grande prestígio, Prefeito Municipal de Rib. Preto (1929 a 19301, foi espírita e amigo da família Strang. Em 1952, pelo médium Chico Xavier, transmitiu bela mensagem a amigos de sua cidade, presentes à reunião pública do Centro Espírita Luiz Gonzaga, de Pedro Leopoldo, Minas, que foi incluída, posteriormente, no livro Taça de Luz (Ed. LAKE/FEESP, São Paulo, SP, Cap. 16).


7 — Monsenhor Siqueira — Monsenhor Joaquim Antônio de Siqueira, nascido em 1847, foi o 3º Vigário de Rib. Preto, no período de 1890 a 1895.


8 — Cônego Barros — Cônego Dr. Francisco de Assis Barros (1894-1942), Vigário da Catedral de Rib. Preto, fundou o Patronato Coração de Jesus e a Sociedade Lítero-Musical. Foi amigo da família Strang.


9 — Irmão Ramos — Trata-se, provavelmente, de Péricles de Freitas Ramos, professor de Educação Física, amigo da família Strang, desencarnado em Rib. Preto, por volta de 1944.


10 — Professor Raul — Trata-se, provavelmente, do Prof. Raul Peixoto, Diretor do 1º Grupo Escolar de Rib. Preto, desencarnado há muitos anos.


11 — Irmão Ângelo Philedony Torres — Falecido há tempos, foi o 1º Vigário de Rib. Preto, em 1890.


12 — Martha — Martha Mary Strang de Paula e Silva, irmã de Renezinho, casada com Ronaldo de Paula e Silva.


13 — Tatiana — Sobrinha, filha de Martha e Ronaldo.


14 — Margareth — Margareth Strang Julião, irmã, casada com Irineu Julião Jr.


15 — Irene — Irene Strang Machado, irmã, casada com Dr. José Cassiano Machado.


16 — Cristina — Cristina Strang Lousada, irmã, casada com Sérgio Lopes Lousada.


17 — Mãezinha, muito grato pelos pensamentos e palavras de ternura que o seu amor me endereça através dos retratos e meu reconhecimento por todo o amparo que recebo constantemente para que não me sinta só, nem estrangeiro onde agora me encontro. — D. Yonne confirma: habitualmente, orava diante de uma parede do lar, repleta de fotos do filho querido, pedindo Proteção Divina para que Renezinho não se sentisse estrangeiro no Mundo Espiritual.


18 — René Oliva Strang — Nasceu em Rib. Preto, a 01/10/1959. Era um jovem expansivo, responsável e dotado de alto espírito de compreensão. Na época da desencarnação, frequentava um Cursinho preparatório para Administração de Empresa. Renezinho foi um campeão de tênis de campo, destacando-se neste esporte desde a idade de 12 anos, quando sagrou-se Campeão Brasileiro (Duplas). Venceu, por duas vezes, os Jogos Abertos do Interior; várias competições a nível nacional e algumas nos Estados Unidos da América.


19 — Preparando os corações dos pais de Renezinho para o transe da separação, ocorreram duas interessantes e claras premonições, assim narradas pelo Sr. René: “1ª) Estávamos em Copenhague, Dinamarca, quando Yonne sonhou, na noite da véspera do acidente fatal, que o filho querido, deixando-a sozinha numa praia, entrou no mar, fez um aceno de despedida e não mais voltou. Ela acordou chorando, desesperada, desejando a qualquer custo entrar em contato telefônico com Renezinho, o que não foi possível. Às 18 horas, daquele mesmo dia, recebíamos a notícia da sua desencarnação. 2ª) Dois meses antes do acontecido, Rubens Porto, nosso amigo e confrade, sonhou que Renezinho havia desencarnado num acidente. Foi um sonho tão nítido, no qual ele até identificou o Passat verde de nosso filho. Rubens levantou muito cedo, preocupado, e às 6 horas já nos acordava para contar a sua vivência onírica.”


20 — Endereço dos pais de Renezinho: Rua Visconde de Inhaúma, 528 — Ribeirão Preto, SP.


SEGUNDA CARTA n


“Os convidados de Jesus foram atendidos.”

1 Querida mãezinha Yonne e querido papai René, estou na alegria das bênçãos desta noite, após o nosso culto de amor ao próximo, n e com essa felicidade em meu coração, peço a Deus a todos nos abençoe.

2 Estou mais do que contente. Sinto-me realmente renovado e feliz com a nossa reunião de afeições queridas. Martha, Cristina e Zizi, n com os nossos queridos companheiros Ronaldo, Serginho e Julião me falam do coração de nossa casa feliz.

3 Tatá, a mãezinha Tatá, n é o sorriso que enfeita o nosso lar, transplantado para esta sala de preces, comovendo-me com as mais nobres lembranças; o nosso prezado João Paulo n está representando todos os nossos convivas nesta comemoração de paz e luz. n

4 Estou com a emoção destas horas à feição de um vaso de lágrimas, que se derramam no júbilo de quem agradece a Deus as bênçãos recebidas. Sinto-me transportado à presença dos familiares que ficaram, conquanto estejam conosco, pela imagem da saudade e pelo som das canções de amor, que nos reúnem uns aos outros, em laços de vida e fraternidade, que se estendem aos nossos amigos e irmãos, que se identificam conosco em nossa noite de paz e reconhecimento. 5 Não me esqueço dos avós queridos, da Irene, da tia Marly n e de todos os nossos, e converso escrevendo, a revê-los no espelho de nosso carinho e de nossa gratidão.

6 Estamos seguindo a nossa jornada desde os primeiros passos em Ribeirão. O Serginho, refiro-me agora ao Serginho Zuccoloto, n em nossa companhia, também se regozija, e muitos outros benfeitores, incluindo O Dr. Péricles Ramos n e o irmão Achê, n igualmente se alegram, partilhando de nossas tarefas e alegrias.

7 O acontecimento especial para os instrutores que nos dirigem é a conversão da festa do lar numa extensão de generosidade e união para com a família dos nossos irmãos em dificuldades e problemas pela própria sustentação. 8 Os convidados de Jesus foram atendidos. Muito obrigado, pais queridos, que me deram tanto na pessoa de amigos que oram pedindo a Deus abençoe e enriqueça as mãos e os corações que lhes demonstraram solidariedade e cooperação no culto do amor. 9 Querido papai, eu me regozijei tanto ao vê-lo com os nossos companheiros em nossos vários torneios e visitas no Exterior, participando de seus pensamentos e realizações, experimento uma felicidade maior ainda em observando a sua presença com a mãezinha Yonne e com os nossos corações queridos, na manifestação de bondade e ternura humana, com que os vimos, na tarde de hoje, irmanando-se com todos os nossos companheiros da jornada terrestre, em suas faixas mais difíceis de vivência e sobrevivência. 10 Agradeço por tudo aquilo que trouxeram, a fim de minorar os obstáculos de quantos daqueles que, filhos de Deus, tanto quanto nós, aguardam outros filhos de Deus e bem amados irmãos que lhes estendam o apoio e compreensão. Estamos agradecidos e formulamos votos para que o esporte da beneficência continue destacando a nossa presença onde estivermos. 11 E assim digo, pai querido, porque os bens do mundo são tesouros da Divina Providência nas mãos das criaturas e toda criatura é digna de reter semelhantes empréstimos de recursos e possibilidades, mas, se é justo reter essa ou aquela bênção em nossa sustentação, tão só, não é justo omitir-se no auxílio aos que atravessam privações e necessidades muito maiores do que as nossas.

12 O seu coração amigo e a mãezinha Yonne observarão que estou sendo renovado. É verdade. No mundo, a maioria dos jovens, por enquanto em muitos setores da vida humana, e observadas as muitas exceções na regra, costumam ser induzidos a promover reações semelhantes a incêndios de opinião e de atitude no Plano Físico; mas, transferidos para a Vida Espiritual, onde presentemente me vejo, todos os jovens que procedem de pais que tudo lhes deram para serem felizes, se transformam em bombeiros espontâneos do bem, buscando apagar o fogo da discórdia e da penúria, sob o qual tantas criaturas sofrem o impacto das mais dolorosas situações. 13 Graças a Deus, pais queridos, ando com raciocínios mais altos e rearticulando as recordações de todos os diálogos construtivos que ouvi em casa em torno da Espiritualidade e da Vida.

14 Em nossa companhia vieram igualmente instrutores nossos, junto de quem fomos instalados pela generosidade do Cônego Joaquim Antônio de Siqueira, o Dr. Archibaldo Ribeiro, n que também foi sacerdote, e as professoras Dona Euphrasia Eugênia de Almeida n e Dona Adelaide Miranda da Paixão n que trabalharam com alegria e devotamento pela terra de Ribeirão, que amamos tanto, se alegram conosco e registram felicitações ao nosso grupo pela festa de paz e amor, em homenagem a Jesus nas pessoas dos nossos companheiros necessitados.

15 O Nestorzinho Macedo n está incorporado à nossa caravana. Somos agradecidos a todos. As irmãs queridas o nosso grande abraço. Ao estimado João Paulo, irmão e companheiro, a nossa alegria. 16 E reunindo a nossa querida Tatá com os irmãos que as meninas nos deram por filhos e irmãos do coração, aqui, entregamos ao nosso grupo as flores de nossa gratidão. 17 Perdoem aqueles corações amigos, cujos nomes não constam de nosso reconhecimento, mas que permanecem no livro de nossos melhores sentimentos.

18 E para a querida mãezinha Yonne e para o querido papai René ofereço com muita alegria e muita emoção o amor e a saudade, o carinho e a dedicação de sempre, do filho reconhecido,


Renezinho.


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


21 — Psicografada por F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 5/7/1980.


22 — Após o nosso culto de amor ao próximo — Refere-se à peregrinação ao Bairro Pássaro Preto que é feita na tarde de todos os sábados, partindo do GEP —, realizada horas antes da reunião pública, da qual participaram seus pais e familiares.


23 — Zizi — Apelido familiar de Margareth, sua irmã.


24 — Tatá, a mãezinha Tatá — Apelido familiar de Clementina Alves de Oliveira, irmã de criação do pai de Renezinho. Atualmente com 70 anos de idade, é a estimada “mãe preta” da família.


25 — João Paulo — João Paulo Roxo, amigo da família e presente à reunião. Em sua residência, na cidade de Miami, Estados Unidos, Renezinho morou seis meses.


26 — Nesta comemoração de paz e luz — Esta carta foi redigida na véspera do 1º aniversário de desencarnação de Renezinho.


27 — Tia Marly — Residente em Londrina, PR, casada com Sidney Oliva, tio de Renezinho.


28 — Dr. Péricles Ramos — Trata-se, provavelmente, do Irmão Ramos, identificado em a Nota 9.


29 — Irmão Achê — Há várias pessoas desencarnadas da família Achê, de Rib. Preto, conhecidas da família Strang.


30 — Dr. Archibaldo Ribeiro, que também foi sacerdote — Nasceu e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, respectivamente em 1880 e 1919. Foi vigário da Catedral de Rib. Preto, no período 1916-1918.


31 — Profª Euphrasia Eugênia de Almeida — Desencarnou-se em Rib. Preto, há mais de 20 anos, onde lecionou na Escola Estadual de 1º Grau “D. Sinhá Junqueira”.


32 — Dona Adelaide Miranda da Paixão — (1836/1926) Uma das primeiras professoras primárias de Rib. Preto, hoje é homenageada publicamente nesta cidade, emprestando seu nome a uma das ruas da Vila Paulista.


33 — Nestorzinho Macedo — Nestor Macedo Filho, amigo de Renezinho, faleceu em 1979. A história desse jovem e suas cartas mediúnicas integram o capítulo VIII do livro Eles Voltaram (F. C. Xavier, Espíritos Diversos, Hércio M. C. Arantes, Ed. IDE, Araras, SP.)


TERCEIRA CARTA n


“Estamos, o Sérgio e eu, agindo no concurso aos nossos irmãos que procuram usar a ponte de intercâmbio pela primeira vez.” n

1 Papai René e mãezinha Yonne, estamos felizes por abraçá-los conosco.

2 Estamos, o Sérgio e eu, agindo no concurso aos nossos irmãos que procuram usar a ponte de intercâmbio pela primeira vez.  3 Acreditem que o trabalho espiritual é igualmente um esporte dos mais indicados para ajustar-nos à compreensão. 4 Tentando auxiliar, somos auxiliados, e, buscando socorrer a companheiros que supomos necessitados de nossa colaboração, aprendemos com eles a ciência da compreensão mais exata das situações e das causas que as produzem. 5 Olhem que não é moleza o esforço de penetrar o sofrimento dos semelhantes no objetivo de consolá-los, conscientizando-nos de que as nossas lutas e provações acabam sendo mínimas.

6 Temos acompanhado as transformações de ordem familiar e estamos praticando aceitação de problemas, a fim de liquidá-los sem violência. n

7 Rogo dizer à nossa querida Martha que o irmão permanece a postos e que tudo fará, no plano de minhas possibilidades estreitas, a fim de auxiliá-la na recomposição das suas energias.

8 Em outra ocasião voltaremos ao culto do lápis para os nossos diálogos, mas, com todas as minhas palavras carregadas de imensas saudades, sou como sempre o filho e companheiro reconhecido,


Renezinho.

René Oliva Strang.


NOTAS


34 — Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 16/1/1981.


35 — Pelas palavras desta carta, destacadas em epígrafe, observamos a evolução espiritual dos dois jovens, com apenas um ano e meio de regresso ao Mais Além, já dedicados a um belo trabalho de cooperação fraterna.


36 — Temos acompanhado as transformações de ordem familiar e estamos praticando aceitação de problemas, a fim de liquidá-los sem violência. — Este trecho deu muito o que pensar aos progenitores de Renezinho. Trocaram ideias entre si e chegaram à conclusão de que o filho se referia, embora veladamente, à maior preocupação deles na época: a chegada de um netinho na família, filho de Renezinho, fruto de um amor que eles desconheciam. E, diga-se de passagem, nenhum problema de ordem familiar havia sido exposto ao médium. Sr. René e D. Yonne estavam certos, pois na reunião pública do dia seguinte, num sábado, o filho voltou a abordar o assunto, agora claramente, como veremos a seguir:


QUARTA CARTA n


“Deus os recompense por me adivinharem o que não conseguiria dizer; os meus credores merecem a consideração que ambos nos conferem.”

1 Mãezinha Yonne e querido papai René, as circunstâncias me trouxeram ao nosso guichê de informação e reconforto.

2 Estou contente e reconhecido porque conseguiram ler os meus sentimentos, não nas palavras que garatujei e sim nas vibrações de confiança e ternura que meditaram quando lhes sugeri, em me referindo às “transformações de ordem familiar”. n 3 Digo isso porque sigo os acontecimentos supostos pequeninos. As impressões trocadas em regime de proteção discreta a mim próprio, os apontamentos domésticos, os estudos prévios em torno de medidas afetivas e o destino de nossas próprias alegrias e esperanças. 4 Muito obrigado, mas muito obrigado; minha dívida é de amor e me comovo ao tratar de semelhante débito. Deus os recompense por me adivinharem o que não conseguiria dizer; os meus credores merecem a consideração que ambos nos conferem.

5 Em nosso código de carinho, digo-lhes, desse modo que na semelhança, Valério é assunto Válidon que volto a ver a minha própria contabilidade e sei que farão por mim a Bel Ação de Valor n que de tanto valor se reveste. Deus nos auxiliará a cuidar do resgate de meu débito para valer. Estou satisfeito, reconhecendo o querido amigo Valente que nos receberá o merecido carinho.

6 O nosso amigo Dr. José Magalhães n muito me auxiliou para esclarecer o meu próprio caso e estou feliz com a possibilidade de a tudo atendermos em tempo certo, sem quaisquer preocupações para ninguém.

7 Por agora é tudo o que lhes posso transmitir. Os meus agradecimentos de filho se me repletam no coração em forma de preces a Deus pela felicidade de nós todos.

8 Muitas lembranças às irmãs e aos irmãos que muito nos deram em favor de nossa paz e de nossa alegria. 9 Aos pais queridos um abraço e um beijão do filho muito grato que tanto lhes deve em segurança e bênçãos de tranquilidade para continuar nas estradas novas que as Forças Divinas me traçam no rumo da vanguarda de serviço em que preciso me engajar.

10 Muito amor de meu coração agradecido


Renezinho.

René Oliva Strang.


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


37 — Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 17/1/1981.


38 — “No dia seguinte, 17 de janeiro de 1981, surgia a ocasião anunciada por Renezinho (no final da Terceira Carta) e novamente pela mediunidade psicográfica de Chico Xavier, ele fala aos pais queridos, desta vez concitando-os com a mesma ternura de filho, a pensarem mais no assunto “transformações de ordem familiar”. — assunto este que os pais René e Yonne já tinham decifrado. Para a alegria de todos na família, Renezinho havia lhes deixado, dia antes de sua desencarnação, como tesouro da própria alma, um filho, e que, diante da compreensão dos pais e dos familiares, sobre o assunto, quisera expressar o seu agradecimento, a sua gratidão pela maneira como o fato foi aceito pelos entes queridos. Sim. Renezinho soubera dignificar a vida, deixando-lhes um filhinho, uma linda criança através de Isabel Cristina Abrahão, a quem ele chama na mensagem de Bel, uma mamãe feliz, corajosa e que soube honrar o compromisso assumido com a maternidade, mesmo diante de momentos tão difíceis, pois Bel dera à luz aquele menino querido, após a desencarnação de Renezinho, possibilitando que tudo caminhasse tão bem, permitindo Deus que Renezinho pudesse acompanhar e colaborar através dos laços de ternura que soube criar com sua companheira Bel, ajudando-a espiritualmente a assumir o santo compromisso de ser mãe, alegria essa que Renezinho tão emocionadamente vem expressar nesta quarta mensagem, não apenas aos pais queridos, mas também ao filho de sua alma, cujo Espírito aceitara a reencarnação de maneira tão corajosa, a quem ele chama de amigo Valente. (Trecho da brilhante reportagem de Aldo Aguilar Bianco, intitulada “Renezinho Não Morreu”, para o jornal A Cidade, Ribeirão Preto, SP, 27/9/1981, p. 7)


39 — Eram nosso código de carinho, digo-lhes, desse modo que na semelhança, Valério é assunto Válido — Nessa época, já havia sido comentada pelos seus pais a semelhança dos traços fisionômicos da criança seu filho, José Abrahão Neto, nascido a 24/4/1980 com o avô Dr. Valério Strang, desencarnado em 26/2/1962.


40 — Bel Ação de Valor — Em seu “código” estas palavras se referem à Isabel Cristina Abrahão, sempre chamada por ele, carinhosamente, de Bel.


41 — Nosso amigo Dr. José Magalhães muito me auxiliou para esclarecer o meu próprio caso e estou feliz com a possibilidade de a tudo atendermos em tempo certo — Antigo Prefeito de Rib. Preto, advogado, falecido há muitos anos, foi amigo da família Strang. Depreende-se do texto que uma das questões esclarecidas pelo Dr. Magalhães deve ter sido a possibilidade de se pleitear a retificação do Registro de Nascimento do filho de Renezinho, acrescentando a paternidade. De fato, a partir desta época, os pais de Renezinho passaram a providenciar, junto à justiça, tal retificação, tão importante e justa, no Registro do neto querido.


QUINTA CARTA n


“E, no dia seguinte, a felicidade com que arquitetei a nossa felicidade porvindoura se esvaía na morte, que me silenciou, sem aniquilar-me o coração.”

1 Querido papai René e querida mãezinha Yonne, esta é para mim uma hora de bênçãos que lhes agradeço.

2 Estou comovido. Tomo a nossa querida Tatá por testemunha. Ela nos conheceu crianças e sabia entender os nossos caprichos e contrariedades, brincadeiras e acertos.

3 Sinto-me por demais sensibilizado em abraçando a nossa Bel n que nos compartilha das expectativas e privações.

4 Fui eu mesmo quem pediu aos amigos espirituais para que o tema da prece fosse trazido a estudo. n Compreendi o valor da oração, quando me vi amadurecido pela renovação espiritual de modo quase instantâneo… 5 O vovô Valério e outros benfeitores me ensinaram que as bases do ato de orar se apresentam com as luzes da aceitação e da humildade.

6 Pai amigo, você sabe que seu filho, mal saído da infância tranquila, poderia ter sido um jovem inclinado às travessuras, na imaturidade de quem não sabe lidar com a vida. Verdade o que digo, mas o seu filho nunca foi desonesto. Aprendi com você e com a mamãe Yonne que o caráter deve ser preservado acima de tudo e que a responsabilidade é um dom de Deus que não se pode esquecer nem desprezar. Por isso, agradeço o carinho para com a nossa querida Bel, que não tive tempo de incorporar à nossa querida família. 7 Tantas meninas passaram por meus trevos de rapaz e por tantas meninas passei, sempre homenageando a vida e a confraternização com o respeito que se deve à tranquilidade dos lares alheios. Bel, no entanto, era para mim a princesa dos diálogos. Coração generoso e alma serena, sabia tudo compreender e tudo perdoar, quando fosse chegado o instante de trazer a visão da alma no rumo das circunstâncias difíceis para dissecá-las com amor.

8 Parece-me que todos os jovens, por injunções da própria vida e sem quaisquer conotações com as estruturas freudianas, que passaram a reger as opiniões de muita gente no mundo, parece-me, repito, que todos os rapazes se interligam com as jovens da estrada que partilham no cotidiano, mas se inclinam com mais calor de confiança para aquela que lhes apresenta traços fundamentais dos corações maternos a que foram confiados.

9 Isabel Cristina! Bastava escutar-lhe o nome para saber que havia alguém com quem permutar opiniões e pensamentos, sem qualquer resquício de preocupação e sem qualquer temor alusivo à prováveis incompreensões. Por essa razão ficou a nossa querida amiga fixada por dentro de mim, à maneira de pessoa que me escutava sem azedume e sem censuras. E ainda, por isso mesmo, Bel ou Bela ficou sendo para mim o espelho em que se retratava aquilo de melhor que a vida me dera a conhecer, o entendimento da mamãe.

10 Os dias se sucederam sobre os dias e prometemo-nos uma união que viesse a concretizar aquela harmonia que me preservara a segurança… E porque não selarmos a nossa aliança que ela receava assumir para não incomodar a nenhum dos nossos? Lutei e insisti para afirmar-lhe a certeza de que os nossos planos se realizariam tão logo regressassem os pais queridos da viagem que efetuavam, à longa distância. Bel, no entanto, com a sua grandeza de sentimentos me solicitava paciência e de minha parte, desejava sobrepor à paciência a certeza de que seria ela a escolhida para o meu futuro. 11 E propus-me a doar-lhe semelhante convicção, entregando-lhe a minha própria vida. Um momento e a promessa do amanhã se transformava num compromisso religiosamente assumido; as leis de Deus porém, se desdobravam por parágrafos diferentes e, no dia seguinte, a felicidade com que arquitetei a nossa felicidade porvindoura, se esvaíra na morte, que me silenciou, sem aniquilar-me o coração.

12 Tomando consciência de mim próprio, vali-me então do estímulo da prece e roguei, com os meus desajustes de moço ainda verde, para que Deus a protegesse e amparasse com a segurança necessária. Quantos dias de aflição atravessou a nossa princesa pelo espírito, não saberia dizer. Sei, no entanto, que éramos duas petições unidas, nas quais suplicávamos a bênção do Cristo.

13 O vovô Valério e vovô Gildo n e tantos outros me asserenaram, revelando-me que ela teria forças de paciência e fé para aguardar os dias que presentemente transcorrem. Agradeço a ela todo o amor e serenidade com que se viu aparentemente a sós, aguardando sempre, entre o acatamento a Deus e o anseio de protelar a solução do nosso problema, até que chegamos à hora em que manifesto aos pais queridos o meu reconhecimento pela compreensão e pela bênção com que ela e eu fomos entendidos e apoiados no sorriso belo e doce de uma criança que se reveste para nós com a luz de nossos mais lindos sonhos.

14 Agradeço a todos por tudo e peço a Deus para que todos os nossos assuntos satélites sejam resolvidos em ocasião oportuna. Deus os recompense a cada um. Que a nossa querida Bel me perdoe a falta involuntária e que os pais queridos me recebam o coração de filho reconhecido, é tudo o que hoje assinalo e peço com todas as minhas forças na certeza de que, através da prece, estaremos todos juntos para prosseguirmos juntos no tempo e espaço, na vida e nas circunstâncias da vida, conservando em nós e conosco as bênçãos de Deus.

15 Sempre com muita gratidão e com muito amor, o filho amigo e companheiro agradecido de sempre,


Renezinho.

René Oliva Strang.


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


42 — Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 3/7/1981.


43 — Sinto-me por demais sensibilizado em abraçando a nossa Bel — Isabel Cristina, Bel na intimidade, achava-se em companhia dos pais de Renezinho, presente à reunião de Uberaba pela primeira vez. Nessa época, ela e seu filho — um robusto garoto de 1 ano e 2 meses — já estavam incorporados, afetuosamente, à família Strang.


44 — Fui eu mesmo quem pediu aos amigos espirituais para que o tema da prece fosse trazido a estudo. — No início das reuniões do Grupo Espírita da Prece, em busca do tema da noite, o médium Chico Xavier abre O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos aparentemente, como vemos, ao acaso.


45 — Vovô Gildo — Gildo Oliva, avô materno, antigo morador de Rib. Preto, desencarnado em 1978. Na época de seu falecimento, Renezinho estudava nos Estados Unidos, e de lá enviou esta consoladora carta à vovó Olga: “Coral Gables, 3 de abril de 1978. / Prezada e querida vó Olga. / Eu quero lhe dar os meus sinceros pêsames, e desejar-lhe muita saúde e força para continuar vivendo neste mundo, cheio de tristezas, ingratidões e, às vezes, um pouco de felicidade. Dizem que “felicidade não existe, o que existe são momentos felizes”. E, eu tenho certeza que a pessoa mais feliz do mundo é aquela que acredita em Deus e tem fé neste Senhor, todo poderoso, e que sabe o que faz. / Ontem foi o meu pior dia aqui nos Estados Unidos, ao ficar sabendo da triste notícia do seu companheiro, que sempre foi tão bom e amável, este querido e amado por todos “Vô Gildo”. Foi um dia muito duro para mim, e fiquei o dia inteiro em casa, pensando em todos vocês, que tanto amo. / Enquanto eu lia a carta com a triste notícia, teve uma notícia que gostei muito: a senhora está reagindo bem e com muita força para continuar vivendo neste mundo. Eu fiquei contente com isso, vó Olga, e estou torcendo muito para que você continue com toda esta força e saúde, pois eu sei que é duro, muito duro perder um companheiro que tanto a amou. / Ontem, quando conversava com minha mãe pelo telefone, sentia em sua voz a tristeza e a dor de perder um pai que sempre foi tão bom e querido por todos. Sua filha disse-me uma coisa muita certa, que me deixou bem tranquilo: “Renezinho, acredite, seu avô está melhor que todos nós, aqui na Terra; esta vida aqui é passageira, filho”. Isto, vó, é uma coisa que todos nós devemos acreditar, esta vida é curta e passageira. Tenho certeza de que aquele senhor, falecido há 23 dias, está começando a desfrutar da bondade que ele cultivou em toda sua vida, aquele querido Sr. Gildo. / Se tudo fosse como a gente queria, esta vida seria uma rotina e sem o porquê de estarmos nela vivendo, sofrendo e lutando sempre. / Até o fim do mês estarei aí com você e com todos da família, pois estou com muita saudade. / Um beijão do saudoso neto Renezinho.”


SEXTA CARTA n


“As centenas de crianças das creches me fizeram chorar de alegria, recordando a imagem daquele a quem posso dizer agora “meu filho”.”

1 Querido papai René e querida mãezinha Yonne, querida Bel e querida Tatá com todos os nossos amigos, peço a Jesus nos abençoe.

2 Venho simplesmente agradecer. Papai e mamãe, estou feliz. A nossa querida Isabel Cristina conseguiu a melhor nota nas provas a que se submeteu. n Tudo paz e verdade. Tudo foi uma promessa que a Divina Providência transformou em realidade.

3 Agradeço à mãezinha Yonne quanto fez para lembrar o meu aniversário inexpressivo, na festa em que as centenas de crianças das creches me fizeram chorar de alegria, recordando a imagem daquele a quem posso dizer agora “meu filho”. Cada rosto mirim se regalava com as lembranças distribuídas; era a presença dele em meu coração.

4 Pai amigo, muito obrigado! Com carinho o seu amor conduziu a minha bandeira para a frente e, compreendendo a sinceridade de nossa Isabel, você e a mamãe se me fizeram avalistas, até que as provas convencessem a nossa família querida. 5 Muitas vezes orei — eu que mal aprendera a fazer preces na infância —, muitas vezes orei rogando a Jesus fizesse a realidade surgir, diante de todos. E confesso aqui, à frente desta assembleia familiar: seria um crime esperar um filhinho e contratar um matrimônio com a provação de perder o corpo num desastre? Seria um erro amar tanto, a ponto de não aguardar o consentimento dos familiares e dos amigos, a fim de revelar a extensão de minha escolha e a força de minha vontade?

6 Os grupos sociais possuem os seus estatutos próprios e, decerto, são felizes quantos lhes conseguem observar todos os parágrafos… Entretanto, o amor é uma luz da natureza que o cálculo humano não consegue condicionar. Seria uma falta imperdoável atender ao coração, antes que os códigos do mundo me aceitassem o gesto? E se esses códigos me recusassem a concessão que o meu próprio espírito mesmo me pedia? Tão pouco ser-me-ia o tempo, tão estreita a vida que a intuição me determinava…

7 Seria justo confidenciar aos pais queridos quanto se passava dentro de mim; no entanto, estavam distantes aqueles amados amigos aos quais, por força das leis de Deus, sempre chamarei “pai” e “mãe”. Entre a perspectiva de que vivia os meus instantes finais no corpo ainda verde e a necessidade de confessar-me com os dois únicos benfeitores, os pais que Deus me concedeu, insisti com a companheira querida para que me exonerasse da aflição que me possuía… Estaríamos juntos e os pais queridos chegariam depois.  8 Eu sabia que ambos concordariam comigo. Nunca me perguntariam se a querida Bel era senhora dessa ou daquela qualidade, não lhe achariam qualquer defeito, desde que eu, o filho que amavam tanto, igualmente a amasse. Isabel chorou, incapaz de sonegar-me a alegria da antecipação a que propunha.  9 Mais por devotamento aos meus desejos que para agradar a si própria, honrou-me com a sua bondade, irmanando-se aos meus propósitos. Foi um momento de Deus aquele que vivemos, porque o futuro se nos anunciava promissor. 10 Falei de meus estudos e com sinceridade planejei a nossa casa porvindoura. Ela me ouvia pálida e enternecida, ignorando nós ambos que a morte me espreitava… 11 E a morte me colheu à frente de Cravinhos, quando eu sonhava… Sérgio, o amigo, e eu, perdemos o corpo físico de um instante para o outro. E compreenderão o que atravessei, no capítulo da inquietação, na certeza de que lançara em uma nuvem de sofrimento e indagação aquela que amo tanto…

12 Lutei para exteriorizar os meus desejos de comunicação com a urgência precisa. O vovô Valério e a vovó me auxiliaram. Que eu orasse e pedisse a Deus. Candidatara-me à condição de pai, de maneira prematura e a Celeste Bondade se compadeceria do meu coração de rapaz correto habituado a cumprir a palavra onde a confiasse. Buscamos o apoio de amigos experimentados em questões de intercâmbio e todos foram unânimes em recomendar-me prudência e confiança.

13 Deus de Amor Infinito, meu filhinho nasceu e chorei ao ver-lhe os olhos que se abriam à minha procura… A luta foi longa, mas Deus, por seus intérpretes, me concedeu a felicidade que recebi do Céu por brinde de aniversário. As provas requisitadas confirmaram a verdade. 14 Estou feliz, notando a nossa querida Bel entrando na família, com o respeito e a simpatia de todos os meus entes amados, a lembrar-me a presença de companheiro honesto em minhas aspirações. Casamo-nos com Deus e Deus fê-la conquistar a nossa casa com a honra que merece.

15 Agradeço a todos e exponho o meu caso, para dizer que o Senhor não nos abandona, que o amor é invencível quando se une à confiança nos Céus e que uma criança é sagrada perante a vida, porque a vida lhe concedeu, em nome do Criador, o privilégio de viver e aperfeiçoar-se, viver e lutar, viver e sofrer pela própria felicidade, viver e vencer.

16 Pais queridos, muito obrigado. Mãezinha Yonne, entrego-lhe uma filha assim como lhe confiei ao regaço de mãe um neto que é flor na árvore de nossas realizações. Agradeço ao papai René, à querida Tatá, às irmãs e aos irmãos que as desposaram. 17 Se choro é de alegria ao perceber que a morte não destrói o amor e nem anula a verdade, porque a verdade e o amor são de Deus. Aqui, o vovô Valério e o vovô Gildo, a vovó e as nossas benfeitoras Dona Euphrasia Eugênia e D. Edwirges Silva n compartilham de meus agradecimentos.

18 Querida Isabel Cristina, estamos juntos e unidos. A nossa família é também sua e você é a companheira ideal de trabalho para cada um de nós. Abençoada seja a fé em Deus que nos amparou em todas as fases de nossa caminhada para a luz de agora.

19 Papai René e mãezinha Yonne, muito obrigado. A nossa felicidade brilha entre dois mundos e Deus nos abençoa.

20 Não consigo escrever mais. Guardem todos por agora, mas sempre, o coração reconhecido do filho e irmão, companheiro e servidor reconhecido de todos os dias, servidor que o título de pai enobrece. Deus conosco e que Deus nos abençoe,


Renezinho.

René Oliva Strang.


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


46 — Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 3/10/1981.


47 — A nossa querida Isabel Cristina conseguiu a melhor nota nas provas a que se submeteu. Tudo paz e verdade. — Refere-se aos exames laboratoriais de reconhecimento de paternidade a que ela e o filho se submeteram, atendendo ao pedido dos pais de Renezinho, que assim agiram com a intenção de darem uma satisfação aos familiares e obterem, na Justiça, nova e completa Certidão de Nascimento do netinho. O laudo pericial, assinado pelo Prof. Edson Silveira, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, concluiu: “Não foi possível demonstrar qualquer fator incompatível com o vínculo alegado. Isso significa que entre as alternativas possíveis do falecido existem, para cada sistema examinado, alternativas compatíveis.”


48 — D. Edwirges Silva — Edwirges Maria da Silva Gusmão (1848-1923), esposa do tenente-coronel Dr. Joaquim Estanislau da Silva Gusmão, que foi presidente da Câmara e Intendente (Prefeito) de Rib. Preto. Ela forma com D. Adelaide M. Paixão e D. Euphrasia Gouveia Prata, a tríade das primeiras professoras das primeiras letras em Rib. Preto.


SÉTIMA CARTA n


“Agradeço a todos os nossos que me reconheceram a presença numa criança dócil e querida que me escolheu para chegar ao mundo a fim de viver conosco.”

1 Querido papai René e querida mãezinha Yonne, esta é uma hora de gratidão em que o meu anseio mais íntimo será voltar aos tempos de criança e pedir-lhes a bênção.

2 Estou reconhecido ao bem que nos fizeram. À nossa querida Isabel Cristina, ao querido filhinho e a mim.

3 Só o amor conseguiria decifrar o meu enigma entre duas vidas; entretanto, reconheço que Deus me entregou a pais amorosos e abnegados que me adivinhavam os pensamentos. Não se equivocaram o vovô Valério e vovô Gildo quando me prometiam que os dois me compreenderiam e me veriam sem necessidade de fenômenos espetaculares. Nossa linguagem mútua foi serena e iluminada de amor. 4 Um filho que encontra a desencarnação numa estrada, deixa um filho por nascer daquela criatura que o amou, até concordar em receber-lhe as melhores esperanças.

5 Parecia-me portador de um problema de solução impossível. Entretanto, os pais queridos me avalizaram os compromissos, submeteram-se comigo aos testes exigidos e o nosso garoto de olhos celestes está incorporado à família em que a Divina Providência nos reuniu para sermos felizes. 6 Muito grato pela proteção à querida Bel e ao filhinho, agora mais tranquilos. E agradeço a todos os nossos que me reconheceram a presença numa criança dócil e querida que me escolheu para chegar ao mundo a fim de viver conosco.

7 Estou feliz e abraço presentemente o trabalho espiritual com novo estímulo. Com o nosso amigo Sérgio estou cooperando em grande instituto de orientação espiritual, sob a direção do professor João Baptista Ferreira da Cunha; n nobre educador de Ribeirão que prossegue oferecendo, a bem dos outros, o melhor de si. Para compartilhar de nossas tarefas sem maiores distâncias uns dós outros, com alegria, aceitei os encargos com os quais me sinto honrado e dono das melhores esperanças.

8 Desejava, acima de tudo, traçar estas palavras a fim de exprimir-lhes o meu profundo reconhecimento. Estarei com os pais queridos e com a Isabel Cristina, junto de nosso garoto que me espelha o coração e Deus a todos nos protegerá.

9 Sei que a mãezinha Yonne tem precisado medicar-se. Faço votos para que ela se restabeleça dentro do menor prazo possível. Querido papai René e querida mãezinha Yonne, mais uma vez a minha gratidão. A todos os corações queridos da família, as minhas lembranças e agradeci mentos.

10 Para o nosso novo lar, em que Isabel e o nosso pequenino estão sempre a esperar-nos com amor, os meus pensamentos de alegria e esperança. E para os queridos pais do meu coração, todo o carinho com o respeitoso e constante amor do filho que lhes deve tanto e que pede a Jesus recompensá-los em bênçãos constantes de saúde e felicidade, paz e bom ânimo, sempre o filho eternamente grato,


Renezinho.

René Oliva Strang.


NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


49 — Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 9/1/1982.


50 — Professor João Baptista Ferreira da Cunha — Ainda não identificado.


OITAVA CARTA n


“Venho agradecer-lhes por tudo, no segundo ano de meu e nosso rapaz que está crescendo para a nossa alegria.”

1 Querido papai René e querida mãezinha, estou bem e agradeço o amor com que me abençoam.

2 Reúno os dois com a nossa Tatá e comunico-lhes que a minha ausência de notícias não é esquecimento.

3 Acontece que a família querida me acalmou de tal modo o coração, que tenho estado a curtir meu filhinho com férias prolongadas, já que a luta foi tão grande para nós todos, a fim de atravessarmos a barreira das convenções que se nos opunham com enorme resistência.

4 Graças a Deus, a vitória pertenceu ao papai e à mãezinha Yonne, destemidos construtores da verdade e do bem, que não vacilaram em me estender o coração para que me sentisse realizado.

5 Hoje, venho agradecer-lhes por tudo, no segundo ano de meu e nosso rapaz que está crescendo para a nossa alegria. Com a nossa querida Isabel Cristina; estamos todos juntos neste aniversário número dois.

6 Que Deus os recompense, muito carinho e gratidão à nossa Tatá, sempre o refúgio de paz e reconforto a que devo tanto, e para os pais queridos todo o coração sempre grato do filho e companheiro de sempre,


Renezinho


NOTA


51 — Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 24/4/1982, data do 2º aniversário do filho de Renezinho.


NONA CARTA n


“Carinhos ao novo Renezinho”

1 Querido papai René e querida mãezinha Yonne, com a nossa Tatá, recebam o meu abraço de carinho.

2 Estou atento ao terceiro ano de transformação. n Penso em todas as alegrias que recebi dos pais queridos e peço a Deus os recompense com tudo o que a vida nos possa dar de Bom e de Belo.

3 Carinhos à Isabel Cristina e ao novo Renezinho. n Abraços maiores do filho muito grato,


Renezinho.


NOTAS


52 — Psicografia de F. C. Xavier, GEP, Uberaba, 3/7/1982.


53 — Estou atento ao terceiro ano de transformação. — Desencarnado a 6/7/1979, refere-se aos seus três anos de vida espiritual.


54 — Novo Renezinho — Apenas cinco dias antes havia sido liberada a nova Certidão de Nascimento de seu filhinho, antes chamado José Abrahão Neto, e agora registrado com o nome: René José Abrahão Strang. Neste dia, seus pais René e Yonne, muito felizes, haviam levado a Uberaba uma cópia dessa Certidão como lembrança afetuosa ao médium, com as seguintes dedicatórias no verso:


  Ao querido Vovô Chico Xavier,

  Toda a minha gratidão pela mediação entre os Planos espiritual e material, no reconhecimento da paternidade de meu pai René Oliva Strang para comigo, seu filho,


René José Abrahão Strang. (O Espírito Valente)


  Chico,

  Que Jesus o abençoe por tudo quanto você tem feito aos integrantes da “Nave da Saudade”, como correio do Além.

  Os irmãos menores, eternamente reconhecidos

René, Yonne, Bel.


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