O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Diálogo dos vivos — Autores diversos — F. C. Xavier / J. Herculano Pires


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Ante os desajustes atuais

Como ajudar aos que não compreendem

Francisco Cândido Xavier


Vários grupos de amigos e simpatizantes da Doutrina Espírita nos honravam com sua presença e participação em nossa reunião habitual. Antecedendo as tarefas programadas, o assunto central das conversações era a necessidade de encontrarmos recursos que nos ajudem, na atualidade, a aliviar ou socorrer os companheiros de humanidade que nos procuram, tantos deles em desarmonia e sofrimento espiritual. Falávamos sobre os problemas da obsessão, do desencanto, da descrença e do desequilíbrio, quando a reunião foi iniciada. O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu a exame o item 14 do capítulo V, ( † ) referente à loucura e ao suicídio. Diversos comentaristas falaram sobre o tema. E o nosso Emmanuel nos deu a mensagem Presidiários da Alma, que tomamos a liberdade de enviar-lhe, no desejo de vê-la publicada com as suas elucidações doutrinárias.




PRESIDIÁRIOS DA ALMA


Emmanuel


1 Quando os companheiros em aflição se aproximem de ti, compadece-te deles, antes de ouvi-los.

2 Acolhe-os na condição de presidiários da alma, a suportarem conflitos íntimos que talvez desconheças.

3 Prisioneiros do sofrimento: será essa designação provavelmente a mais adequada para definir a condição dos que buscam socorro, situados nas últimas raias da resistência ao desespero!…

4 Este enlaçou-se aos problemas da culpa quando se supunha conquistando a felicidade e ignora como reaver a tranquilidade perdida; 5 aquele recusou a provação em que se redimiria e algemou-se a compromissos difíceis de resgatar; 6 outro desperdiçou força e tempo, caindo nas malhas do desgaste orgânico que lhe exige cuidado e conformação; 7 aquele outro tem o Espírito encadeado ao frio de um túmulo em que se lhe guardam as derradeiras lembranças de um ente amado!…

8 Encontrarás os desencorajados e os tristes, os encarcerados em desânimo e azedume e ainda aqueles outros que a rebeldia trancafiou em celas de angústia, a te pedirem amparo e libertação!…

9 A nenhum desconsideres nem firas com advertências inoportunas.

10 Recordemos que ninguém se arroja em vulcões de pranto simplesmente porque o deseje.

11 Os que te cercam, implorando socorro, habitualmente já lutaram o bastante para se conscientizarem quanto à própria situação.

12 Constrói a ponte da misericórdia entre a fé que te ilumina e a dor dos irmãos que te apresentam o coração ferido e dá-lhes o braço salvador a fim de que se transfiram da treva para a luz.

13 Quantos se tresmalharam nas estradas do mundo, tantas vezes ludibriados por eles mesmos, não precisam tanto da interferência baseada em nossos recursos de austeridade e conhecimento.

14 Eles todos esperam de nós, acima de tudo, um gesto de simpatia e uma bênção de amor.




A REBELIÃO DOS PEDINTES


Irmão Saulo


Assistimos hoje, no mundo, à rebelião dos pedintes. Milhões de criaturas que pediram reencarnações de provação, vindo à Terra para descarregar suas consciências atormentadas, rebelam-se contra as condições que elas mesmas solicitaram. Ao mergulhar no Plano da matéria densa, em seus escafandros carnais, esses Espíritos sofredores reencontram o clima de suas antigas paixões, de seus anseios frustrados, de suas ilusões desfeitas e desejam repetir as tentativas do passado. Mas a verdade é que agora estão atrelados ao carro das provas, com a finalidade de se libertarem dos anseios egoístas, preparando-se para a civilização do altruísmo que já começa a alvorecer no planeta.

Estamos numa hora de transição. Temos de deixar os nossos erros no passado e avançar corajosamente para o futuro. Não é fácil alijar na estrada o fardo das velhas pretensões. Por outro lado, a vida de hoje oferece facilidades novas, perspectivas que no passado eram impossíveis e que agora fazem renascer as tentações antigas com maior violência. São os juros da dívida antiga, exigindo maior esforço dos devedores que, embriagados com a volta à condição corporal, esquecem-se dos compromissos espirituais assumidos para essa experiência.

Falta-lhes a capacidade de compreender de pronto a nova situação. Não obstante, todos eles trazem no íntimo as advertências do Plano superior, prontas a brotar do inconsciente quando ajudados pelos companheiros terrenos que possuem a mente iluminada pelos princípios renovadores do Espiritismo. É por isso que procuram intuitivamente o socorro espírita Mas, se ao invés de compreensão encontrarem em nosso meio a rejeição e a reprimenda, sentirão aumentar a revolta e o desespero que os afligem.

Daí a recomendação de Emmanuel no sentido de os recebermos com atenção e carinho, compadecendo-nos deles, antes mesmo de ouvi-los. Temos de ter compreensão para ajudar os que não compreendem. Se formos capazes de amá-los, ao invés de censurá-los, poderemos dar-lhes a ajuda que nos pedem. E o Alto secundará os nossos esforços de fraternidade. Suportemos a galhofa, a ironia, a zombaria com que nos desafiam. Toleremos as suas impertinências, como outros já nos toleraram. Encaremos todos eles como irmãos que nos pedem amor, atenção e carinho, pois só assim os ajudaremos, ajudando-nos a nós mesmos.

É claro que não devemos acolhê-los para incentivar-lhes o apego às velhas paixões. Todos necessitamos — sem exceção — na vida terrena, de apoio afetivo e corrigenda. A ação dupla do freio e da espora, como ensina Lázaro, ( † ) é que nos leva a saltar os obstáculos da prova.

A rebelião dos pedintes exige dos pais, dos educadores, dos orientadores religiosos — e sobretudo dos espíritas — uma atitude de permanente disponibilidade afetiva, de coração aberto, e ao mesmo tempo de mente vigilante. Não podemos, por amor sem controle, auxiliá-los na rebelião.

Essa atitude não é fácil de ser mantida, pois os pedintes rebeldes nos acusarão de crueldade e atraso, sempre que nos opusermos aos seus abusos. E terão ao seu lado familiares que os apoiam. Mas se tivermos amor em nossos corações, venceremos, pois nosso amor despertará na consciência rebelada a lembrança dos compromissos assumidos no mundo espiritual.


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