1 Brilham áureos tempos novos
A Inteligência domina,
Fala a Razão cristalina,
Que estuda, aclara e deduz;
A Ciência larga a Terra,
Onde refulge de rastros,
Para a conquista dos astros,
Sob o fascínio da Luz!…
2 No bojo do firmamento,
Do chão à face da Lua,
A pesquisa continua…
Engenhos e lumaréus!…
A Eletrônica revela
Vida mais alta e mais rica
E o Homem se comunica,
Povo a Povo, Céus a Céus!…
3 A cultura pede frente,
Entre aplausos invulgares.
No Ar, no Solo, nos Mares —
Em tudo — o apelo ao Porvir!…
De ponta a ponta do Globo,
Em vasta ascensão na História,
Clama o Cérebro — mais Glória!
Grita o Mundo — Progredir!…
4 Mas no concerto dos louros
Em que a Ideia se embriaga,
Brado aflitivo pervaga —
O choro da multidão!…
São milhões de almas cativas
À ignorância na Terra,
Que a noite da angústia encerra
Nos vales de provação!…
5 A mágoa segue a penúria,
O crime instala a doença,
Lastima-se turba imensa
Encarcerada na dor!…
A legião do protesto
Volve à barbárie sombria,
Supondo na rebeldia
O facho libertador!…
6 A guerra distende as garras,
Surgem conflitos de sobra,
A descrença se desdobra
Em chaga descomunal…
E a força do Raciocínio
Do píncaro a que se eleva
Não barra a invasão da treva,
Nem doma a fúria do mal…
7 Do Alto, porém, dimana
Visão diversa das cousas,
Os mortos rebentam lousas,
Irrompem vozes do Além!…
São Mensageiros do Eterno,
Anjos do Céu sem escolta,
Trazendo Jesus de volta
Para a vitória do Bem!…
8 Companheiros do Evangelho,
Que o vosso Amor vibre,puro,
Edificando o Futuro
Nas leis Excelsas do Pai!…
Eis que o Cristo nos conclama,
Sob o fulgor do Cruzeiro,
Repetindo ao mundo inteiro:
— “Espíritas, educai!…”
Castro Alves
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