1 Querida Lúcia, n
Deus nos abençoe e nos proteja. Sei que você sente falta de minhas pobres palavras, entretanto, guarde a certeza de que estamos juntas. Pensa com meu cérebro e fala com as suas palavras. Não tema as dificuldades do caminho que nos foi confiado. 2 Hoje, entendo que todo Espírito reencarnado na Terra está no encalço dos encargos tecido de esperanças e sonhos de felicidade. 3 Enquanto os nossos garotos se achavam na fase inicial da vivência, podiam ser comparados a pequenos filhotinhos, que dependem de nós e que mais profundamente se nos fazem queridos, mas que, em geral, tão logo conseguem desdobrar as próprias asas ausentam-se para os vários campos da vida, nos quais acreditam encontrar os ninhos da paz e da alegria. 4 Nesses momentos de separação transitória, choramos e nos afligimos no desejo incontido de paralisar-lhes o voo iniciante, na certeza de que não encontrarão a felicidade barata com que sonharam e sim a face austera do trabalho, que os obriga a entrar na vida da ação incessante. Mas não pode ser de outro modo. Eles, os nossos jovens, necessitam abrir novos caminhos e conhecer novos horizontes. 5 Chorei sempre, pelo menos, até que amadurecessem para a existência, e você chorará por eles, os meus netos, até que você lhes veja os sinais de renovação. E como não temos a vocação de desobedecer à vontade de Deus, entreguemo-nos a Deus com os nossos melhores sentimentos, porque, na essência, eles seguem as leis de viver. Por isso não chore quando algum deles pretenda romper a comunhão, de modo a se fazerem cidadãos e cidadãs do mundo, em que lhes caberá testemunhos mais importantes de amor. Ontem você casou Sérgio, agora se prepara a fim de acompanhar o matrimônio do José Geraldo, do Caio, da Luizinha… Que fazer de melhor, minha filha, senão entregá-los a Deus, que os ama e protege antes de nós?
6 Tenho procurado inspirar o nosso Oscar em nossos diálogos, libertando-o de pensamentos tristes e, graças a Deus, vejo-o melhorado e mais forte. Não espere que a vida lhe faça sentir que os meninos estão conosco, estão caminhando para o olhar dentro do qual nos procuram compreender e nada respondem, porque trazem a vida interior esfogueada pelo campo de luta. A Sarita é a companheira de todos os dias, que precisamos encaminhar. 7 Não nos apaguemos em cansaço inútil, mas sim comecemos a marchar para a frente. Recordemos em ter força em nossos atos da existência — se assim os praticarmos com amor a maior parte dos nossos deveres já programados para eles estarão cumpridos e nos trarão ainda a esperança de vê-los também caminhar para a frente. Não falte com as suas diretrizes, auxiliando-os a entender os obstáculos que venham a conhecer e peçamos a todos eles permanecerem na fé que lhes garantirá a segurança do caminho. 8 Você não se agaste comigo por falar-lhe nesses termos, mas o tempo conversará com todos eles mais sabiamente, orientando-os para a viagem. As meninas de Cândida estão em nossas preces. Dizendo assim, não quero manifestar-me contra os seus pensamentos. Você não pode modificar-se a jato. O tempo não respeita as obras das novas construções que ele vai modificando. Estou me alongando muito nesse assunto por entender que as minhas queridas meninas devem estar na estrada certa e com Jesus. Vencerão as experiências das horas que hajam de passar. Arranje um copo de chá calmante e faremos o resto para sua tranquilização.
9 Peço ao Caio muita força de vontade no que busque realizar e peço à Luizinha muita fé em Deus e coragem. Não estou faltando com a verdade. Os assuntos são os mesmos que presenciei aí. Para nosso querido José Geraldo, recomendo a crença amparando seus ideais. Desejamos para ele a felicidade igual a que ele nos tem proporcionado. Os dias passarão e nos dias realizamos o que temos de efetuar. Célia e Cleusa são também minhas filhas pelo coração e continuarão agindo em nosso auxílio.
10 Para a nossa querida Luizinha, o meu recado é de esperança, com o cuidado de que necessita para ir seguindo com paciência o caminho que Jesus nos deu a trilhar. Ao nosso Oscar, agradeço a dedicação de filho que recebo dele constantemente. Deus o abençoe nas ideias de paz e confraternização que alimenta. Nós duas continuaremos, independentemente do trabalho de Chico, e você observará sempre que as nossas observações estão certas. Onde não possamos efetuar as providências que julguemos necessárias Deus, por Seus mensageiros, fará por nós o que se faça preciso. Estou escutando os pensamentos que você me dirige nesta hora e, em resposta, peço a Jesus nos fortifique em amor.
11 Não posso escrever mais. Zina n e Tiquinha n têm convivido um pouco mais comigo e estamos felizes, trabalhando com os mesmos pontos de vista.
12 Querida filha, diga à nossa Luizinha, aliás, presente aqui, que não se declare esquecida pela fé, que prossiga amando a vida com o afeto de sempre. Quanto ao mais, querida Lúcia, esperemos em Deus. Teremos sempre a vida inteira para trocar as ideias. De outra vez tomarei mais tempo para falar de nossos casos e esperarei que a nossa Yolanda a assista, qual está na agenda de hoje, com as suas anotações. A vida aqui, igualmente, não é um lago de água parada e sim um rio, cuja correnteza nos obriga a pensar e aprender, e trabalhar muito.
13 Esperando que a paz de Deus esteja com todos os que se fazem ligações de nosso amor, e cumprimentando a nossa prestimosa Leonor, a quem agradeço as preces de paz que me envia, abraça a você e a Oscar, numa só união de amor e confiança, a velha mãe que deixou de se sentir realmente velha, porque procura viver hoje na bênção de Jesus, que abraçamos.
14 Querida Lúcia, que ninguém diga que estou abusando do tempo e das possibilidades mediúnicas do Chico, em vista da intimidade de irmãos que sempre nos uniu, porque ele também foi para mim um filho do coração, que sempre agiu com liberdade para fazer o que entendesse, com o meu apoio de irmã e assim estamos integrados no mesmo caso em que somos livres para opinar nesse ou naquele assunto, ressalvando-se a obediência que todos devemos a Deus.
15 Com Oscar, e todos os nossos entes queridos, receba, Lúcia, o carinho de sua mãe, sempre sua, que não a esquece,
Luiza Xavier
[1] [Ver nota nº 1 da mensagem de José Xavier.]
Notas da editora:
[2] Em referência à sua irmã Carmozina Xavier Pena, conhecida como Zina.
[3] Tiquinha era o apelido de sua irmã Maria da Conceição Xavier Pena. Carmozina e Tiquinha eram irmãs de D. Luiza Xavier do primeiro casamento do pai. sendo a primeira 3 anos mais nova e a segunda 7.