1 É indubitável que o Espiritismo, na função de Consolador Prometido pelo Cristo de Deus, veio aos homens, sobretudo, para libertá-los da treva do espírito.
2 Que emancipação, porém, será essa?
3 Surpreenderíamos, acaso, a Nova Revelação procedendo à maneira de um louco que dinamitasse um cais antigo, à frente do mar, sem edificar, antes, um cais novo que o substituísse?
4 Claro que os princípios espíritas acatam os diques de natureza moral, construídos pelas tradições nobres do mundo, destinados à segurança da alma, conquanto lhes observe a vulnerabilidade de fundo, vulnerabilidade essa sempre suscetível de favorecer os mais fortes contra os mais fracos e de apoiar os astutos em prejuízo dos simples de coração; embora isso, levantam barreiras de proteção, muito mais sólidas, a benefício das criaturas, porquanto nos esculpem, no próprio ser, a responsabilidade de sentir e pensar, falar e agir, diante da vida.
5 Ninguém se iluda, dessa forma, quanto à independência instalada pela Doutrina Espírita nos recessos de cada um de nós, sempre que nos creiamos no falso direito de praticar inconveniências, em regime de impunidade.
6 Muito mais que os preconceitos e tabus, instituídos pelos homens, como frágeis recursos de preservação dos valores espirituais na Terra, o Espiritismo Cristão nos entrega dispositivos muito seguros e sensatos, na garantia da própria defesa, de vez que não nos acena com Céus ou Infernos exteriores, mas, ao revés disso, nos faz reconhecer que o Céu ou o Inferno, são criações nossas, funcionando, indiscutivelmente, em nós mesmos.
7 Enfim, para não nos alongarmos em teorização excessiva, observemos, tão somente, que o espírita é livre, não para realizar indiscriminadamente tudo quanto deseje, e, sim, para fazer aquilo que deve.
Emmanuel
[1] Essa mensagem foi publicada originalmente em 1981 pela Casa Editora O Clarim, e é a 13ª lição do livro Intervalos. — Esse capítulo foi restaurado: Texto do livro impresso.