O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier, a aurora de uma vida entre o Céu e a Terra — Autores diversos subscritos por F. Xavier.


Apresentação


Chico Xavier era ainda um jovem iniciante na Doutrina dos Espíritos quando escreve e ou psicografou as páginas aqui colecionadas, enviadas por ele mesmo para publicação no jornal Aurora, do Rio de Janeiro, então dirigido por Inácio Bittencourt, o notável açoreano que, emigrado para o Brasil, tornara-se dedicado servidor das lides espiritistas cariocas como médium, orador, jornalista e fundador de diversas de suas instituições espíritas.

O jornal Aurora fora por ele fundado em 1º de maio de 1912-13, permanecendo na sua direção por 30 anos, até 1942. Chico Xavier tornara-se-lhe um ativo colaborador doutrinário, não somente enviando-lhe suas magníficas produções mediúnicas, mas também acrescentando seus próprios comentários evangélico-doutrinários, ou ainda as próprias produções de sua lúcida lavra poética entre os idos de 1928 e 1933. Dentre estas últimas destaca-se a que inserimos aqui como prefácio, no original da letra de Chico Xavier, que o médium mineiro dedicou a Inácio Bittencourt quando lhe pereceu o filho, a qual recebeu o expressivo título “Bendita a dor!”. n

É de notar-se a maturidade intelecto-moral do jovem Francisco de Paula Cândido, ou simplesmente “F. Xavier”, como costumava assinar as produções, a prenunciar a vigorosa personalidade que se faria nos anos vindouros em luminosa ponte mental unindo, de forma inconteste, os Planos físico e espiritual, materializando por seu intermédio a grande obra da complementação basilar da codificação espírita cristã no século XX de nossa era.

Não foi sem razão que o extraordinário médium de Belo Horizonte, Paschoal Comanducci, ao orientar o casal José Hermínio e Carmen Perácio a se mudar para Pedro Leopoldo, para secundar e apoiar a obra que se iniciava em torno de Chico Xavier, afirmara em tom profético e com assombroso acerto: “Chico Xavier possui recursos mediúnicos múltiplos. Está cercado de falanges tão poderosas como as que assistiam Jesus. Esse menino assombrará o mundo. Escreverá mediunicamente centenas de livros e será intransigente defensor e divulgador do Espiritismo, codificado por Allan Kardec. Viverá muito. Desencarnado, não terá substitutos. Da mesma forma que Jesus, Chico é único no planeta. Só ele, em encarnação posterior, poderá retomar o leme e dar continuidade à obra específica que lhe foi confiada pelo Altíssimo.” n

Retomando a linha da história, em 29 de março de 1930 Chico Xavier recebe em Pedro Leopoldo uma carta de Manuel Quintão, diretor da Federação Espírita Brasileira (FEB), na qual o ilustre pioneiro expressa-se surpreso: “Tenho lido e apreciado as suas produções poéticas no Aurora e o concito a prosseguir assim, com independência e desassombro, para firmar a sua individualidade literária.”

Pouco mais de um ano depois, em 21 de abril de 1931, Quintão escreve novamente: “Tenho lido sempre com satisfação as suas produções poéticas e aproveito o ensejo para pedir-lhe alguma coisa para o nosso Reformador.” Mais adiante, em 22 de setembro de 1931, já mudando de enfoque, Manuel Quintão, entusiasmado, afirma: “O que eu não creio é que tais versos sejam originariamente seus.” (…) “Sugestão? Sim, tudo é sugestão, mas bem entendido, sugestão mediúnica!”

Em seguida, vem convidá-lo a separar produções para o projeto de um futuro livro, segundo Quintão “destinado a correr não só como expoente da arte, como de prova robusta da sobrevivência dos artistas”.

Em 17 de outubro do mesmo ano, Quintão volta a escrever a Chico Xavier, dizendo-lhe haver mostrado as poesias aos confrades Leôncio Correa, Leal de Buzal, Guillion Ribeiro e a Antônio Lima, este último fervoroso cultor dos poetas portugueses, para, enfim, concluir: “Todos estamos de acordo sobre a sua origem mediúnica e perfeita identidade. (…) Para mim não há resquício de dúvida sobre a legitimidade do fenômeno (mediúnico) e a identidade dos autores” (espirituais).

Exatamente em 2 de abril de 1932, quando o jovem Chico completava apenas 22 anos na nova existência, Manuel Quintão lhe escrevia do Rio de Janeiro trazendo conclusivas notícias acerca da primeira publicação de um livro de sua mediunidade, que viria a ser o Parnaso de além-túmulo, cuja primeira edição foi assentada em 2.000 exemplares e viria a circular no mês de junho de 1932, através da FEB.

Esse, prezado leitor, é o ambiente de simplicidade e esforço, de fé e esperança, de dúvidas e certezas, de amizades e estímulos santos a sedimentar na alma cândida e operosa de Chico Xavier o fenômeno espetacular da aurora de sua mediunidade entre os Céus e a Terra. Esse o ambiente mental e emotivo em que o jovem Chico vivia ao produzir os poemas e textos aqui apresentados. Desde então uma ponte de luz se pavimentou em definitivo para a história da humanidade e por ela passariam, em quase oito décadas seguintes, grandes luminares da vida espiritual, muitas vezes protegidos no anonimato dos pseudônimos.

Agradecemos ao jornalista João Marcos Weguelin o excelente trabalho de garimpagem do ouro puro dessas produções espirituais, em sua grande maioria ainda inéditas do ponto de vista editorial.

Mais uma vez a Vinha de Luz Editora, da Casa de Chico Xavier de Pedro Leopoldo, é o veículo escolhido pela Espiritualidade Maior para materializar essas verdadeiras joias esquecidas pela poeira dos anos incessantes, mostrando-nos que mesmo depois de 10 anos de sua desencarnação, a ser lembrada na próxima data de 30 de junho deste 2012, Chico Xavier continua trabalhando, semeando livros, instruindo e esclarecendo os homens em nome do Consolador prometido pelo Cristo de Deus.

A Cidália Xavier de Carvalho, a única irmã de sangue de Chico Xavier ainda encarnada entre nós em Pedro Leopoldo, e a Caio Ramacciotti, do Grupo Espírita Emmanuel (GEEM) de São Bernardo do Campo, São Paulo, aos quais devemos tanta bondade, nossa gratidão por permitir-nos a edição deste livro.

A Chico Xavier dedicamos este seu 465º livro publicado, e ousando parafrasear o penúltimo parágrafo dos Prolegômenos de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, a comunidade espírita de sua cidade natal exclama com alma e vida, satisfeita e feliz por tê-lo como filho ilustre do coração das Minas Gerais, no coração do Brasil, a pátria do Evangelho de Jesus na face da Terra dos homens: “Com perseverança chegaste a colher os frutos de teus trabalhos”. Imaginamos o prazer que experimentas hoje, vendo a Doutrina Espírita propagar-se em multimídia, e sendo bem compreendida pelo coração do povo que tanto amaste e acolheste com tua renúncia, humildade e amor. Esta talvez seja a real recompensa que bem mereces desfrutar e cujo valor integral somente tu, Chico Xavier, podes conhecer no tempo futuro, que se fez eterno presente de Deus. Os espinhos e as pedras que os incrédulos e maus semearam em teu caminho passaram com a rapidez de teu silêncio e a sabedoria de tua tolerância, porque não te inquietaste em vão. Chegaste ao fim da jornada humana na companhia daquela que nunca te faltou — a confiança no Pai — e por ela merecerás ser sempre ajudado, pois, contrariando todas as apostas estorvantes, provaste que Deus pôde servir-Se de tua lucidez para fazer com que nós, os homens terrenos, compreendêssemos a luz que emana por de sob o véu da verdade que ajudaste a levantar para sempre!

Querido amigo Chico, alma cândida e bela, luz de nossas vidas, Deus te pague e abençoe, assim agora como para todo o sempre!

Assim seja!

Geraldo Lemos Neto

Vinha de Luz Editora.   

Casa de Chico Xavier de Pedro Leopoldo.   

Pedro Leopoldo, 21 de junho de 2012.   


João Marcos Weguelin

Organizador   



[1] Integra a obra Chico Xavier — O primeiro livro. Vinha de Luz Editora. 2010, página 56.


[2] Integra a obra Chico Xavier em Pedro Leopoldo, de autoria de Divaldinho Mattos.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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