| 16 de outubro de 1931.
1 No sublime apostolado do bem, que é a difusão dos elevados ideais da Doutrina Espírita, encontram-se, como aliás em todos os movimentos tendentes a conduzir o homem para a luz, as grandes dificuldades que, muitas vezes, se afiguram como insuperáveis. 2 E é lícito que o propagandista devotado, inflamado pela sua ideia nobilíssima, venha a temer os ataques da treva, eclipsando-se covardemente?
3 Nunca. Compete-nos lutar serenos e destemerosos, sem misticismo e sem intolerância. 4 Tudo nos impele a combater com o coração nas mãos, com a fé na alma, com a pureza nos pensamentos, com a lealdade nas intenções, com o bem nas obras, com o espírito totalmente saturado do Evangelho de Jesus, que deve ser o único farol a guiar-nos na dificultosa travessia da existência planetária.
5 Como qualificar o nosso desânimo se sabemos que tudo o que se passa, com o tempo, nada vale?
6 Por que nos aguilhoarmos aos interesses mesquinhos se eles são fragmentos da lama da Terra?
7 O nosso dever é marchar, impavidamente, com os olhos e os pensamentos no Alto, onde esplendem as auroras fulgurantes da luz, do amor, da vida e da beleza.
8 Inundemos o nosso ser nas causas brilhantes da nossa fé e combatamos com o espírito de absoluta humildade os apologistas da ignorância e do obscurantismo.
9 Temer o sofrimento pela causa da verdade é rematada loucura! 10 Sabemos que possuímos a luz, e onde se acham os perseguidores da luz, de todos os tempos?
11 Como já foi dito alhures, ( † ) deles não falam a História. 12 Os torquemadas do passado repousam nas cinzas do olvido, onde bem poucos ousam chegar, para não amedrontar a humanidade com a lembrança daquelas almas torvas e sedentas de sangue. 13 E as suas vítimas? Estas, decorridos tantos séculos, ainda pairam como vultos resplendentes sobre toda a humanidade sofredora, encorajando-a nas suas fraquezas, consolando-a na adversidade, como exemplos imperecíveis, sintetizando todos os heroísmos e todas as virtudes — os grandes e os exaltados no pó do esquecimento, os humilhados e os pequeninos, vivendo eternamente na memória de todos os Espíritos, irradiando luzes através de todas as idades.
14 Batalhemos, pois, certos da nossa vitória espiritual, que se avizinha. Empreguemos a nossa energia nessa faina bendita de conduzir o Evangelho pela palavra e pelo exemplo.
15 Eis a tarefa mais dignificante, o trabalho mais nobre que poderemos empreender.
16 Cumprir os nossos deveres é concretizar toda a sublimidade das nossas aspirações.
Avante, pois!
F. Xavier