| 1º de setembro de 1931.
1 A fé deve ser iluminada pela razão. Esse asserto parecerá estranho à Igreja Romana, que impõe a fé aos seus profitentes sob a impenetrabilidade do dogma e do mistério. 2 Seus crentes temem o Deus antropomorfo, eivado de todos os maus sentimentos do coração humano, subornável em extremo, que é cheio de prodigalidade para com os poderosos da Terra e implacável para aqueles que não possuem um pão. 3 Tal ideia religiosa é impotente para alimentar a fé daqueles que têm sede de amor divino.
4 Como depositar uma esperança num Deus, cujos sentimentos são símiles do próprio homem terreno, sempre mergulhado nas fraquezas e nas imperfeições? 5 Como pedir a luz e o esclarecimento a quem proíbe o exame livre e a liberdade de consciência? 6 Como confiar em quem nos exige uma obediência passiva e absoluta, e que para chegar aos fins não observa os meios? 7 Para pertencer ao romanismo temos que abdicar de todos os sentimentos da nossa alma, temos que desprezar os revérberos da luz da verdade.
8 Não. Não é nesse suicídio moral que encontraremos a fé pura que se eleva para o Pai, cheia de confiança. 9 O nosso dever é reconhecermos o Criador nas Suas Obras, reconhecendo a Sua misericórdia infinita, que se estende a todo o Universo, e O amarmos. 10 Desse amor sagrado nascerá o afeto que devemos dedicar à humanidade sofredora, aos nossos irmãos pela dor. 11 É dessa operação de reconhecimento e gratidão ao Criador e de amor ao próximo, é desse sagrado conúbio que nasce a fé removedora de montanhas de que falava Jesus. ( † )
12 É essa fé, que se encontra na prática do Evangelho de Jesus, e é pela observância desse estatuto universal que a Doutrina dos Espíritos se esbate.13 É pela extinção do egoísmo e da treva que o Espiritismo, atualmente, deve terçar as armas da humildade e do amor.
14 O romanismo, deturpando os evangelhos dos apóstolos, substituindo-os com as decisões dos seus celebérrimos concílios, onde, geralmente, acorrem almas cheias de fatuidade e presunção, desvirtuou os ensinos luminosos do Mestre.
15 É esse o motivo pelo qual, há muito, vemos o insopitável anseio da humanidade, que deseja cristianizar-se sem romanizar-se. 16 E é assim que num futuro não longínquo veremos constituída a nova fé de que se nutrirá a alma humana.
17 Será a fé maravilhosa que confia, espera e crê.
18 Deus não será adorado nos ídolos de pedra. Será amado no santuário dos corações.
F. Xavier