| 16 de agosto de 1931.
1 Basta estabelecer alguns paralelos para que se veja a incomensurável distância entre o Catolicismo e Jesus. O meigo Nazareno não possuía uma pedra onde repousar a cabeça; o Catolicismo é, no orbe terráqueo, o maior detentor das riquezas iníquas assinaladas no Evangelho.
2 Ensinava o Mestre que se deve dar de graça, norteando-se por uma caridade sem limites; o Catolicismo vende as suas preces, os seus sacramentos, transformando o templo em balcão, conforme já o asseverou Victor Hugo.
3 Advertia Jesus que se deve perdoar setenta vezes sete vezes; o Catolicismo, não se referindo aos infames tribunais da Inquisição, conserva até hoje, na cidade do Vaticano, um tribunal a aplicar castigos e penas, em nome do mesmo Jesus.
4 Dizia o Cristo que o Pai não deseja que se percam as ovelhas; o Catolicismo criou, criminosamente, o inferno, com as suas dores eternas.
5 Asseverava o Mestre: “Bem-aventurados os pobres, os humildes, os pacíficos, porque deles é o Reino dos Céus”; ( † ) o Catolicismo endeusa os ricos da Terra, lisonjeia-lhes, cumulando-lhes de títulos brasonados, esquecendo os sofredores que põem suas esperanças em Deus.
6 Cristo personificava a tolerância; o Catolicismo cultiva a intolerância, com o mais odioso espírito de seita.
7 Jesus, com a sua incomparável abnegação, inflamava as almas de fé; o Catolicismo rouba e mata a fé de todos os corações, com os seus exemplos em oposição aos seus ensinos.
8 O Mestre era a caridade personificada; o Catolicismo, acima do próprio Pai de Misericórdia Infinita, coloca os interesses temporais e monetários.
9 Cristo exclamava: “Amai-vos uns aos outros!”; ( † ) o Catolicismo fomenta guerras e dissídios, abençoando ainda os instrumentos de destruição nas lutas fratricidas.
10 Jesus foi ao extremo de sacrificar-se na morte nos braços da cruz e em meio aos seus martírios perdoava os seus algozes; o Catolicismo tem os seus castelos encantados, onde se submerge nos gozos efêmeros, como o Palácio do Vaticano, onde habita o sumo pontífice, coberto de diademas reais, mergulhado num egoísmo todo humano, rodeado de tesouros que as traças roem.
11 Finalmente, esses minúsculos paralelos bem nos mostram a necessidade da conversão do Catolicismo ao puro Cristianismo do Mestre divino, quando, então, a Igreja papal deixará de ser um dos maiores instrumentos de provações para a humanidade terrena.
F. Xavier