O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier, a aurora de uma vida entre o Céu e a Terra — Autores diversos subscritos por F. Xavier.


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Igreja pequena

| 16 de julho de 1931.

1 A Igreja Romana começa a sentir, na atualidade, os efeitos da tempestade oriunda das nuvens de obscuridades e trevas que ela própria amontoou sobre a sua cabeça.

2 De há muito que ela é reconhecida como uma das maiores potências políticas do mundo, sendo mais que manifesta a sua separação do Reino de Deus.

3 Somente agora, porém, vão as coletividades reconhecendo que as suas palavras sobre as coisas sagradas são mantos dourados cobrindo a hediondez de interesses inferiores.

4 A missão do século XX é sublime e deixará na história do planeta uma esteira de luz. É o século em que a verdade, desfraldando os seus pavilhões radiosos, mostrará à humanidade a magnitude do seu destino.

5 A Igreja Romana, há tantos séculos desviada da simplicidade que lhe haviam imprimido os primeiros apóstolos do Cristianismo, é uma das instituições onde o alvião colossal do progresso trabalhará eficazmente; em seu seio, travar-se-ão os maiores combates de ideias, assim o creio.

6 Os interessados em conservar a ignorância humana, para o gáudio de sentimentos malsãos, redobram os seus esforços; todavia, a luz suplanta a treva, em todos os tempos.

7 Assim é que vemos a Igreja, que abandonou as pegadas de Jesus. No momento atual, quando procura levantar altivamente a cabeça, tentando restaurar na Terra o seu domínio absoluto e despótico, o sopro da razão, em rajadas fortes e violentas, faz tremer a sua pretensa infalibilidade.

8 Os últimos acontecimentos nas capitais dos dois países onde mais predomina a moral essencialmente católica, Roma e Madri, nos provam a falência dessa antiga instituição religiosa. 9 Em Roma, é a mocidade revoltada que invade a “Civilitá Cattolica”, ( † ) gritando: “Abaixo o papa! Morra o traidor!” São inúmeras as associações católicas lacradas em toda a Itália. 10 Em Madri, vários conventos, entre os muitos mosteiros, verdadeiros parasitas da nacionalidade espanhola, são incendiados pela população revoltada, acontecendo igualmente os mesmos fatos em muitas das grandes cidades da Espanha!

11 E é essa Igreja, tão velha no Velho Mundo, onde dominou sempre, nele sofrendo, hoje, essas derrotas por parte daqueles a quem vem pregando a sua moral durante séculos, que deseja inocular a sua nefasta influência na vida moral e livre do Brasil! Que irrisão! 12 Os tempos hodiernos não suportam tal absurdo. Não se escraviza o pensamento. 13 Os seus triunfos aparentes, explorando a política em nossa terra, são, talvez, motivos evidentes da sua queda próxima no conceito da mentalidade brasileira.

14 A luz apressa-se em fazer-se sentir no cérebro do mundo. 15 E essa Igreja, divorciada da humildade dos seus fundadores, que tem lançado o anátema sobre o progresso, que tem perseguido a luz, que abençoa armas para lutas fraticidas, que canta louvores aos poderosos da Terra que oprimem a humildade sofredora, que detém egoisticamente as riquezas iníquas, prosternar-se-á humilde e arrependida antes os reverberos da nova luz, que é o Cristianismo puro na face da Terra.

16 Trabalhemos, homens de boa vontade, para o seu advento, trabalhemos para que as virtudes cristãs, em toda a sua excelsitude, possam desabrochar no coração humano. Trabalhemos com amor e tenacidade, porque os dias da Igreja pequena estão contados.


F. Xavier


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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