| 1º de julho de 1931.
1 Por que dissera o Cristo: “Aqueles que perseverarem até o fim serão salvos”? ( † )
2 As suas palavras abrangiam todos os tempos e mormente os tempos atuais, em que a alma humana começa a divisar uma transformação insólita em todos os cenários da vida.
3 Ora, nenhuma transformação se opera sem abalos, e daí as convulsões que agitam o seio das coletividades e dos povos. 4 Muitas dores pairarão sobre a humanidade até que cada ovelha retome o caminho do aprisco.
5 Felizes os que palmilharem essas sendas estreitas e pedregosas com os olhos fitos na misericórdia do Senhor; demasiados já foram os desgarres do passado e a hora é de submissão aos desígnios do Alto, de obediência às vozes abençoadas do Pastor.
6 Erguemos excessivamente alta a Babel do nosso orgulho e é necessário que a dor, desempenhando uma nobilitante missão, venha confundir os nossos falsos sentimentos, destruindo os momentos instáveis da ambição humana para erigir no orbe terráqueo os verdadeiros templos do amor divino.
7 Sofre o homem isoladamente e sofrem sociedades inteiras. 8 E a humanidade exclama: “Deus não existe, a alma é uma utopia; tudo na vida é lei cega que nos impele às maiores calamidades!” 9 Porém, alguns Espíritos existem que marcham cheios de coragem e de fé Naquele que prometeu que suas palavras não passariam. ( † ) São estes que assim procedem os que perseveram e os que serão salvos. 10 Estes que, apesar de contemplarem a maioria dos seus semelhantes mergulhados no ateísmo e na descrença, confiam no Pai, cujo amor é infinito, que embora vendo os seus irmãos destruindo-se reciprocamente não se abalançam às lutas fraticidas; 11 estes que se conservam como sóis de espiritualidade, como exemplos fiéis de amor, de caridade, de fé, de abnegação. Estes serão salvos. 12 São as luzes do presente e do porvir. Em meio de todas as calamidades, de todas as provações e angústias, suas almas voejarão muito acima do pantanal de misérias, porque possuem, a iluminar-lhes o íntimo, a luz imortal do amor divino, que lhes é o sol dentro das trevas, a consolação nas amarguras, a coragem nas vacilações, a verdadeira saúde do Espírito.
13 Que lhes importam os sacrifícios em prol do amor e da verdade? Bem reconhecem que após a vida planetária, plena de vicissitudes, abre-se o horizonte ilimitado da existência da alma, circundada de luz numa eternidade de glórias. 14 Sentem em seu próprio coração as pulsações do coração do Salvador. 15 Avançam intemeratos nas páginas do dever, conservando eternal em suas almas nobilíssimas o amor exemplificado pelos instrutores abnegados da humanidade. 16 Desembaraçam-se de todos os obstáculos, porque esse amor é a bússola que os guia no mar tempestuoso das lutas materiais.
17 Espíritas, sejamos soldados humildes no exército daqueles que assim perseveram! Avante em demanda da perfeição! 18 Jesus é o divino modelo. Sigamo-lo sem fraquezas, sem tergiversações, e o nosso futuro será aureolado de eterna luz!
F. Xavier