Emmanuel
Chico Xavier conta-nos como foi recebida a mensagem abaixo: “Antes das tarefas programadas, muitos dos visitantes, notadamente dos mais jovens na vida física, solteiros e casados, faziam perquirições sobre as diretrizes dos bons espíritos às pessoas que tivessem pais ou mães de trato difícil vários companheiros destacando os obstáculos de que se sentem objeto. Os estudos realizados reportaram-se à questão nº 203 de “O Livro dos Espíritos”, aberto, como sempre, ao acaso. Ao término da reunião o nosso caro Emmanuel escreveu a página que lhe envio”.
1 Na Terra, habitualmente, esperamos encontrar, em nossos filhos, gênios de grandeza moral. De igual modo, quando na condição de filhos, desejamos possuir nos pais modelos intocáveis de virtude.
2 Mais longamente internados na escola física vamos reconhecendo, a pouco e pouco, seja qual seja a posição que nos cabe no mundo, que somos o que somos, criaturas ainda incompletas a caminho da perfeição, unidas transitoriamente umas às outras, entre as paredes do lar ou nos compromissos domésticos para fins de resgate ou burilamento.
3 Reflete nisso. E se a vida te entregou a pais ou mães difíceis, que não puderam ou não te podem apresentar, por agora, dia por dia, inalteravelmente uma certidão de irrepreensibilidade, não deixes de amá-los e respeitá-los mesmo assim.
4 Há quem diga que não pediu aos genitores para nascer, entretanto, essa mesma criatura em rebeldia talvez seja aquela que, antes do berço, se lhes erigia em obsessor afetivo, a esmolar-lhes repetidamente uma nova existência na Terra, até que lhe cedessem aos anseios, integrando-se um com o outro, para que esse filho ou filha, hoje revoltados, atingissem o Plano físico tentando novas aquisições de progresso.
5 Se sofres conflitos e ouves alguém
a debitá-los na conta de traumas nascidos de aversão, desprezo, inveja,
ódio, vinculação afetiva ou superproteção por parte dos pais difíceis
que talvez tiveste ou que provavelmente ainda agora te acompanham, recorda
que semelhantes estudos poderão expressar a verdade do ponto de vista
terrestre, mas não te esqueças de que as leis da reencarnação estão
funcionando. 6 E que na posição
de pais ou filhos somos seres em aperfeiçoamento, demandando a imortalidade,
e que unicamente à custa de compreensão e respeito recíproco lograremos
sanar os próprios desequilíbrios e desajustes.
7 Ante pais ou mães complexos, auxilia-os, sem jamais reprová-los. Eles te pedem entendimento e apoio, a fim de acertarem com os próprios rumos, tanto quanto recebeste deles apoio e entendimento para alcançar a escola humana.
8 Todos nós, os espíritos em evolução na Terra, por enquanto, nos achamos ainda muito longe das qualidades angélicas. E todos nós, sem exceção, precisamos de amor e do amparo do amor para viver, conviver e sobreviver.
Quem não pediu para nascer?
Irmão Saulo
A pergunta 203 de “O Livro dos Espíritos” refere-se aos elementos que os pais transmitem aos filhos. A resposta dos espíritos é esta: “Dão-lhes apenas a vida animal, pois a alma é indivisível. Um pai obtuso pode ter filhos inteligentes e vice-versa”. Acreditava-se que os pais transmitiam aos filhos alguma coisa de suas próprias almas. Os Espíritos refutaram essa tese.
As semelhanças de temperamento e tendências nas famílias não são explicadas no Espiritismo pela hereditariedade física, mas pela afinidade espiritual. Na reencarnação os Espíritos são atraídos aos pais em virtude de ligações do passado. As ligações positivas se reconhecem pela afinidade, as negativas pela repulsão. Pais e filhos que se ajustam são Espíritos afins, os que se repelem são credores e devedores que se reencontram.
O espírito suficientemente evoluído para ter consciência de suas deficiências, logo que vence o prazo destinado à sua permanência na vida espiritual, pede para reencarnar. Liga-se, então, por afeto ou por remorso, a pessoas de seu convívio na vida anterior (ligações positivas ou negativas) pedindo-lhes que os aceitem como filhos. Cada nascimento na Terra implica decisões tomadas no mundo espiritual. Há os que pedem e os que imploram para nascer. Os que imploram são geralmente os que mais reclamam nesta vida, os que mais se desajustam em família, os mais rebeldes — porque mais necessitados.
O conceito humano de que ninguém pediu para nascer é um erro produzido pela cegueira espiritual dos homens. Como esquecemos os antecedentes espirituais do nascimento — precisamente para podermos viver uma vida nova, sem lembranças perturbadoras — temos a impressão de que fomos enviados ao mundo à revelia do nosso desejo. E muitos acusam os pais de responsáveis pelo seu nascimento, como se os pais tivessem o poder de gerar quando querem e de escolher os Espíritos que devem nascer como seus filhos.
A mensagem de Emmanuel, colocando o problema em seus termos exatos, adverte-nos quanto à necessidade de atendermos aos deveres da vida em família, pois o cumprimento ou não desses deveres determinará a nossa futura situação na vida espiritual. A vida material passa depressa e os laços espirituais continuam além da morte e repercutem nas vidas futuras.