1 Escuta, alma querida,
Se alguém te menospreza o coração
Ou te amarfanha a vida
A pancadas de injúria e de aflição…
Acaso, se a pessoa
A quem o teu amor mais profundo se eleva,
É aquela, que te espanca ou te atraiçoa,
Procurando envolver-te em lufadas de treva…
2 Se o laço mais querido, porventura,
Contra o teu próprio peito às súbitas se lança,
A constringir-te em garras de amargura,
Buscando aniquilar-te a mais bela esperança
Não nutras no caminho a mágoa por escolta,
Recobre a própria chaga entre bênçãos e preces,
Não retenhas em farpas de revolta
O mal que não mereces.
3 Aquele, que te humilha,
Desconhece, ainda mesmo que o perdoes,
Que articula no tempo trágica armadilha
Que o colherá depois.
Coração que te ofende, ignora, no fundo,
Por mais nobre se diga e por nobre se acate,
Que mais problemas soma a si mesmo no mundo,
Ante as leis do resgate.
4 Raciocinando, assim, sob a verdade pura,
Não troques fel por fel nem reproves em vão
Quem, na Terra, ao invés de reproche ou censura,
Precisa muito mais de olvido e compaixão.
Lembra-te de Jesus… Ama, serve e auxilia,
Não ajuntes contigo espinhos onde estás,
E onde a vida te leve, hás de ser, dia a dia,
Uma fonte de amor e uma bênção de paz.
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