O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier pede licença — Autores diversos — F. C. Xavier / J. Herculano Pires


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Verdade e Amor n

Emmanuel


1 Efetivamente, todos nos dirigimos para a verdade suprema que é luz viva, mas, até lá, de quantas lições careceremos para nos desvencilharmos da sombra?

2 E, a fim de aprendermos o caminho certo para as realidades eternas, só o amor pode tutelar-nos com segurança.

3 Todos somos na Terra — os Espíritos encarnados e os desencarnados que ainda nos vinculamos a ela — uma família só, a caminho da imortalidade; entretanto, na longa excursão evolutiva, quantos de nós teremos tido necessidade ou ainda estaremos necessitados de apoio?

4 Esse acreditou que o afeto exigia violência para confirmar-se e caiu na criminalidade, mutilando-se ao pretender mutilar.

5 Aquele se admitiu suficientemente forte para oprimir os destinos alheios e estirou-se nos excessos do poder, destrambelhando o cérebro e gastando tempo vasto em moléstia e restauração.

6 Outro assumiu débito enorme, escravizando-se a situações complexas das quais despenderá laborioso esforço para sair.

7 Outro ainda se iludiu com relação a repouso e alegria, sem bases na responsabilidade, e perdeu temporariamente a faculdade de discernir, transviando-se em labirintos de cegueira espiritual.


8 Realmente, devem todos esses nossos irmãos ser reajustados e curados, a fim de prosseguirem jornada acima; entretanto, para isso, não bastaria sacudi-los com afirmativas condenatórias, acerca das ruínas e lutas em que se encontram.

Urge administrar-lhes cuidado, assistência, remédio, compreensão.

9 Assemelhamo-nos, de modo geral, no planeta terrestre, até agora, a alunos no educandário ou doentes no sanatório.

Sem que nos entendamos e nos auxiliemos mutuamente, ser-nos-á talvez impossível adquirir reajuste e esclarecimento.

10 Com toda a certeza, brilharão mundos na imensidade cósmica, nos quais as criaturas já se transformaram em luz, confundindo-se com o esplendor dos sóis em que se conjugam as realidades excelsas da vida, mas na Terra, por enquanto, e provavelmente por muitos séculos ainda, embora a nossa obrigação de render culto incessante à Verdade, fora do amor o nosso problema de equilíbrio e de reequilíbrio não terá solução.


A solução dos homens


Irmão Saulo


A mensagem que Chico Xavier nos oferece nessas reflexões de Emmanuel exige atenção para ser realmente compreendida. Não nos iludamos com a sua aparente simplicidade e clareza. Seu tema central é a busca da verdade à luz do amor. Não basta buscar a verdade. É preciso buscá-la com amor, estabelecendo o equilíbrio entre raciocínio e afetividade. Nossa tendência à análise levou-nos até agora a estabelecer divisões arbitrárias no processo do conhecimento. Exigimos a frieza do raciocínio em oposição ao calor da afetividade. Com isso conseguimos grande evolução científica e técnica. Mas, por outro lado, vimos as mais legítimas aspirações do Humanismo desaparecerem asfixiadas no utilitarismo do século e estamos ameaçados de uma catástrofe moral.

As realidades eternas podem ser percebidas pela mente, pelo raciocínio, mas só podem ser atingidas e vividas com o auxílio do amor. A pesquisa racional, por si só, é árida e fragmentária. Quisemos escapar aos exageros de misticismo e caímos no extremismo da razão. A luz do amor, que devia fazer da Terra um paraíso, converteu-se na sombra do sensorial, da animalidade, da qual não conseguimos desvencilhar-nos. Lembremo-nos do mito da caverna em Platão. Transformamo-nos em escravos acorrentados na sombra, no fundo escuro da caverna, vivendo de ilusões. Daí os equívocos a que se refere a segunda parte da mensagem, semeando desequilíbrios e conflitos aparentemente insanáveis que exigem medidas de reajuste, reclamam remédio e compreensão.

A situação dos homens na Terra assemelha-se à dos alunos no educandário, submetidos às exigências didáticas, a provas e exames exaustivos. Mas talvez se assemelhe ainda mais à dos doentes no sanatório, submetidos a tratamentos dolorosos, a choques elétricos ou de medicamentos. Como sairmos dessa situação? Como encontrar a solução dos homens, equacionando todos esses conflitos para uma operação eficiente? A única saída é a do entendimento e do auxílio mútuo. Não adianta a luta em termos de violência, a condenação dos que consideramos errados, a crítica amarga e a argumentação contundente. O reajuste e o esclarecimento só virão quando aprendermos a amar os nossos semelhantes, a encará-los com ternura fraterna e não com ódio e repulsa.

A teoria da pluralidade dos mundos habitados acena-nos com a promessa dos mundos superiores, das civilizações cósmicas onde as criaturas humanas se transformaram em luz, ou seja, não estão enleadas na sombra do fundo da caverna, mas iluminadas pelo esplendor solar. Mas como ainda estamos distantes desses mundos superiores e quanto teremos de avançar para nos tornarmos dignos deles! Não há dúvida de que devemos buscar a verdade com afinco, evitando ilusões e enganos. Mas sem a luz do amor nas relações humanas e nas buscas das ciências não poderemos encontrar a solução dos homens, porque os homens não são coisas são Espíritos, vetores psíquicos, estruturas harmoniosas de sentimentos e pensamentos. Só compreendendo isso e agindo de acordo com essa compreensão encontraremos a solução dos homens.



[1] Esta mensagem foi publicada originalmente em 1971 pela FEB e é a 38ª lição do livro “Rumo certo.”


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