1 No trato com as chagas da ignorância, na esfera da Humanidade, quais sejam a incompreensão e o crime, a crueldade e a rebeldia, anotemos a conduta da Misericórdia Divina no quadro das doenças terrestres.
2 Porque alguém acusa os reflexos tóxicos dessa ou daquela enfermidade, não sofre condenação a permanente desajuste. Recebe a atenção da Ciência, que lhe examina as possibilidades de cura ou melhoria.
3 Porque o médico deve tocar detritos corruptores, não lhe impele a saúde à perturbação e ao relaxamento. Dá-lhe luvas protetoras.
4 Porque processos infecciosos alterem a constituição celular nessa ou naquela parte da província corpórea, não sentencia a zona atacada à simples extirpação. Oferta-lhe recurso adequado para que elimine a infestação virulenta.
5 Se grandes lesões comparecem na estrutura do carro físico, ameaçando-lhe a segurança, traça o plano necessário à intervenção cirúrgica, mas não deixa o doente a insular-se no desespero, estendendo-lhe à dor o amparo da anestesia.
6 Se moléstias epidêmicas surgem, insidiosas, distribui a vacinação que susta o contágio.
7 Vemos, assim, que a Lei de Deus não se conforma com o mal; ao contrário, opõe-lhe a cada instante o socorro do bem.
8 Dessa forma, se os agentes da lama se infiltram no teu passo, exibindo-te aos teus olhos perigosas ações de discórdia e infortúnio naqueles que mais amas, não podes realmente acomodar-te aos golpes com que te impelem, rudes, à imersão na maldade, mas podes esparzir a água viva do amor, ajudando em silêncio as vítimas da treva que tombam sem saber que se arrastam no lodo.
9 Usa, pois, cada hora, a compaixão sem termos e o perdão sem limites, porque o próprio Jesus, perante os nossos males, exclamou complacente: — “Em verdade, eu não vim para curar os sãos”. ( † )
Emmanuel
(Mensagem psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião pública da noite de 22 de dezembro de 1958, no “Centro Espírita Humildade, Amor e Luz”, na cidade de Monte Carmelo — Minas Gerais).
[1] Essa mensagem foi publicada em maio de 1960 pela FEB no Reformador e é também a 7ª lição do 2º volume do livro “O Evangelho por Emmanuel”. Ela foi publicada também em 1986 pelo CEU e é a 18ª lição do
livro “Canais da vida” e só posteriormente, em 2002, veio a lume no presente livro, editado pela UEM. — Esse capítulo foi restaurado: Texto do livro impresso.