1 Dez séculos são passados…
Bizâncio empalidecida
Transfere esplendor e vida
Ao poderio de Othão.
Desde o Grande Constantino,
O Ocidente, aos tempos novos,
Faz-se assembleia de povos,
Esperando a Paz em vão.
2 Há quem sonhe liderança
De nível superior…
Alguém que trouxesse amor
À construção do porvir;
Mas, entre os feudos altivos,
Irrompe Henrique Segundo,
Que grita, à face do mundo:
— “Conquistar ou destruir…”
3 O milênio começava
Tendo a Guerra por destino…
Crescêncio, Arnoldo e Arduíno
São ínclitos europeus;
Tramam ódios e batalhas,
Morrem, no entanto, esquecidos,
Hoje, heróis de tempos idos
Na pátina dos museus.
4 Pedro, o Eremita, aparece…
Iniciam-se as Cruzadas,
Nas Cortes e nas Estradas,
Ao brado de “Deus o quer…”
Viajam para a matança
Frederico, Godofredo…
Todo o Ocidente sem medo
Cede as vidas que tiver.
5 Após Francisco de Assis,
Destaca-se a Renascença;
Fulge o prodígio da Imprensa,
A Arte é brilho e elevação.
A América é um Mundo Novo,
Mas, entre o ouro e os conchavos,
Há milhões de homens escravos,
Rogando libertação!…
6 Clamando pelo Direito
Que a tirania extermina,
No cepo da Guilhotina
Pede a França novas leis;
Entretanto, Bonaparte,
Águia da força e do mando,
Passa, na Terra, formando
Tronos outros e outros reis.
7 Novos tempos, novas armas….
Nações alteram limites,
Há sinistros apetites,
Na Terra, no Mar, no Ar…
A vida suplica aos Homens:
— “Deus existe!… Sois cristãos.
Entrelaçai vossas mãos!…”
E os Homens gritam: “lutar!…”
8 Os Grandes conquistadores
Passaram a Nobre Arquivo,
Um só deles está vivo.
Espalhando amor e luz!…
Desde o Século Primeiro,
Esse Imortal Companheiro
É Jesus, sempre Jesus!…
Castro Alves
|