O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier, dos hippies aos problemas do mundo — Entrevistas — Emmanuel


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Os Hippies

 1. — ERNANI GUIMARÃES ANDRADE — Chico Xavier, alguns cientistas europeus, como o Dr. Constantin Reudvar, estão logrando obter, por processos eletrônicos, comunicações verbais com seres inteligentes de um outro mundo. Suspeita-se que tal mundo seja aquele habitado pelos que já viveram aqui e estão desencarnados. Pedimos a gentileza de nos informar se realmente já se está conseguindo tal intercomunicação eletrônica entre os vivos e os desencarnados, e, em caso afirmativo, perguntamos também se futuramente irá a humanidade conseguir ver desencarnados usando aparelhos eletrônicos, como por exemplo uma câmara espiritoscópica?

CHICO XAVIER — Emmanuel sempre nos informa que cabe a nós todos formular os mais ardentes votos para que a ciência do mundo atinja esta realização. Até agora, o problema da comunicação entre os vivos, no Plano físico, e os vivos além da Terra, tem-se verificado através de processos mediúnicos, com emprego da própria criatura humana, na condição de veículo medianímico, mas esperemos que coletivamente sejamos merecedores de uma realização tão alta, porque quando pudermos espraiar a convicção da imortalidade da alma, sem o concurso deficiente de criaturas humanas, como eu mesmo, que tenho tido a tarefa de entrar em comunicação com amigos desencarnados, absolutamente, com profundo demérito de minha parte, quando nós chegarmos a esta condição de conquistarmos este processo de comunicação com fatores da ciência, naturalmente que a sobrevivência do Espírito trará um novo sentido à civilização cristã no mundo, compreendendo-se que o nosso Divino Mestre nos deu a lição da imortalidade, com a sua própria ressurreição.


 2. — DURVAL MONTEIRO — Antes eu queria fazer mais um protesto pelo recente “doutor”.

ALMIR — Protesto?

DURVAL MONTEIRO — É, ele me chamou de doutor, novamente. Sabe, Chico, a velha mania de repórter fez com que seu amigo passasse uns três dias consultando livros, buscando a melhor fórmula para fazer as perguntas, tentando encontrar maneira para levantar polêmica, buscando incoerências nas ideias que você defende. De repente, a velha mania cai por terra, e o repórter se sente muito pequeno, ante um homem que, em meio ao caos do século, em meio a tanto desamor, estaria humildemente se balançando numa cadeira, e falando do amor das pessoas, do amor das coisas, do amor. Um homem que está aí exalando paz e amor. Foi exatamente aí que me ocorreu a próxima pergunta: paz e amor. Estas duas palavras encerram a filosofia de um movimento jovem, que está tomando conta do mundo, o movimento “hippie”, eu acho que todos conhecem. Como é que você, Chico Xavier, vê o movimento “hippie”? Eles não seriam Espíritos privilegiados?

CHICO XAVIER — Etnologicamente, eu vou informar ao nosso caro entrevistador Dr. Durval Monteiro que não conhecemos a significação da palavra. Tivemos oportunidade de conhecer irmãos nossos, filiados ao movimento “hippie” no Exterior. Ficamos a meditar se seria um protesto válido deixar o estudo e o trabalho, ou as disciplinas construtivas da vida, para edificarmos uma vida nova. Não pude, naturalmente, dentro de minha insignificância, formular qualquer julgamento, mas sinceramente, tenho visitado por várias vezes a praça da República, em São Paulo, e visitado a chamada “Comunidade do Embú”, dentro da Grande São Paulo, e vejo que os “hippies” do Brasil apresentam trabalho, e onde há trabalho humano, há dignidade humana. Cremos que seria válida uma pesquisa das autoridades competentes, ouvindo os nossos jovens, procurando conhecer quais as aspirações deles, como é que se estrutura o movimento “hippie” no Brasil, de que maneira este movimento pode ajudar a comunidade, porque sempre o Espírito de Emmanuel me ensinou a filiar os meus impulsos a este princípio, respeitar a criatura humana pelo trabalho que ela oferece à comunidade, nunca escogitar, vascolejar o coração dos nossos irmãos, nem a consciência dos nossos irmãos, sejam eles quais sejam, mas respeitá-las pelo trabalho que eles nos ofereçam, e os nossos irmãos, dentro do movimento “hippie” no Brasil, mostram um trabalho artístico, artesanato admirável. Gostaria, de minha parte, de ouvi-los, saber deles como é que se organiza o movimento “hippie” e em que ponto poderíamos o senhor, Dr. Durval Monteiro, que é um técnico de comunicações, como é que podemos dialogar, comunicarmos uns com os outros, para sabermos qual é o nosso comportamento para com eles, que merecem o respeito e o apreço pelo trabalho que eles nos oferecem.


 3. —  ALMIR — Mas aí eu acrescentaria à pergunta  do Durval, com a sua permissão, Chico, então o  que diz você dos “hippies” dos Estados Unidos, que  têm comportamento inteiramente diverso deste a  que você se refere no Brasil?

CHICO XAVIER — Não pude formular um juízo porque os nossos companheiros de humanidade  na Grande São Paulo, que eu tenho conhecido  mais intimamente, ultimamente, por espetáculo  brilhante de trabalho que eles nos apresentam. Eles  nos apresentam tarefas edificantes, concursos artísticos e realizações artísticas, às vezes admiráveis nos lances de serviço a que eles conseguem atingir. Nos Estados Unidos e na Inglaterra não pude penetrar assim no movimento “hippie”. Estimaria vê-los trabalhando, para que eu pudesse ajuizar com mais segurança sobre o movimento, já que toda criatura humana é digna de nosso maior respeito. Refiro-me a “hippies” em Nova York e Londres.


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