O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice |  Princípio  | Continuar

Conversa firme — Cornélio Pires


16

Missão e dívida

  1 Recebi a sua carta,

  Meu caro Joaquim Pilar,

  A respeito de missão

  Tenho uma história a contar.


  2 Renasceu Juca Cirino

  Em Roça de Sapecados,

  Para fazer um refúgio

  De apoio aos necessitados.


  3 Muito jovem, registrou

  Num círculo de oração,

  Que havia voltado à Terra

  Para estar nessa missão.


  4 O Espírito Mensageiro

  Disse a ele: “Irmão Cirino,

  Atenda à sua tarefa,

  O seu encargo é divino”.


  5 Juca logo prometeu

  Que teria empenho nisso,

  Faria o lar de socorro,

  No campo do compromisso.


  6 Comentou o revelado,

  Falando em plano graúdo,

  Mas a legou que primeiro

  Precisaria de estudo.


  7 Ganhou anel e diploma,

  Subiu a grande lugar,

  Entretanto, acrescentou

  Que deveria casar.


  8 Em seguida ao matrimônio

  Cirino ganhou dois filhos;

  Na ideia do missionário

  Eram novos empecilhos.


  9 Agora, dizia ele,

  Para viver, a contento,

  Necessitava encontrar

  Mais força de rendimento.


  10 Cirino clamava em choro:

  Era a cobrança de esfola,

  Era a esposa adoentada,

  Era menino na escola;


  11 Eram notas do armazém

  Com pagamento à vista,

  As despesas da farmácia,

  As prestações ao dentista;


  12 O pagamento da casa

  A preço que desatina,

  O carro para conserto,

  O preço da gasolina;


  13 Era a pia arrebentada,

  E os defeitos do chuveiro,

  A casa, de ponta a ponta,

  Exigia mais dinheiro.


  14 Se alguém indagasse dele

  Pelo futuro da obra,

  Respondia que esperava

  Finança e tempo de sobra.


  15 Quando os filhos se casaram,

  Moços de anseios corretos,

  Agora, Juca, mais livre

  Passou a prender-se aos netos.


  16 Procurando novos ganhos

  Lutava dias inteiros,

  Dizia necessitar

  De apoio firme aos herdeiros…


  17 O tempo corria sempre,

  Qual fonte que se desata,

  Cirino tinha a cabeça

  Toda vestida de prata.


  18 Quase aos oitenta janeiros,

  Relembrava os tempos idos

  E seguia prometendo

  Um lar para os desvalidos.


  19 Um dia, chegou a morte

  E chamou Juca à razão…

  Cirino rogou mais tempo

  No entanto, pediu em vão.


  20 Falou nos planos do lar,

  Não desejava descanso,

  Mas disse a morte: “seu tempo

  Fechou-se para balanço.


  21 “Agora, meu caro irmão,

  É a mudança definida,

  Seu plano de caridade

  Deve aguardar outra vida.”


  22 E Cirino lá se foi…

  É isso, caro Joaquim,

  Quem não faz seu próprio tempo

  Acha cuidados sem fim.


  23 E quem foge ao prometido,

  Caminha sempre sem paz…

  Onde está o devedor,

  O débito vai atrás.


Cornélio Pires


Abrir