O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Conversa firme — Cornélio Pires


10

Assunto entre amigos

  1 Em carta, você pergunta,

  Meu caro Tarcísio Roca,

  Como se enxerga do Além

  Os problemas da fofoca.


  2 Fofoca, ao que me parece,

  Se estou certo na lembrança

  Pela voz do dicionário,

  Era roupa de criança.


  3 Agora, fofoca é isto:

  Uma praga que caminha,

  Maledicência que nasce

  De cabeça miudinha.


  4 Sabe você: ninguém passa

  Sem assuntos escolhidos,

  Que só se deve explicar

  Da boca para os ouvidos.


  5 De afeição para afeição,

  Em algum canto da sala,

  Quanta lição de família,

  Quanta luz no que se fala!…


  6 Em meio da luta humana

  De nossa terrestre escola,

  A confidência entre amigos

  Anima, ampara, consola…


  7 Mas a fofoca, meu caro,

  No lugar onde se ajeita,

  Pelo conceito de agora

  É sempre a intriga perfeita.


  8 Se a vemos do Além? De certo…

  É uma sombra indefinida

  Que se enrola ou se distende,

  Lançando estragos à vida.


  9 Faz-se garra, pedra, nuvem…

  Faz-se monstro ou veneninho…

  Em muita perturbação,

  Fofoca vive em caminho…


  10 Você conhece de sobra,

  As lutas do leva-e-traz,

  Notemos algumas delas

  Em nossa busca de paz.


  11 Lilia da Conceição,

  Exagerava o que via;

  Temos três lares em guerra,

  Por fofoca de Lilia.


  12 Ouvindo a nora sem vê-la,

  Falando a um gato do Enoque,

  O sogro fez a malícia,

  O filho morreu de choque.


  13 Havia um Centro de Amparo

  No Sítio do João Vilhena,

  Quando a fofoca surgiu,

  A obra saiu de cena.


  14 Recorde o Grupo das Preces!…

  Intriga de Aninha Rosa,

  Destruiu a confiança,

  Pôs o grupo em polvorosa.


  15 Tião servia… Era médium

  No Centro de Irmã Clarissa,

  Fofoca envolveu Tião,

  Tião morreu na preguiça.


  16 Lembre a Casa da Bondade!…

  Fofoca entrou em função,

  Acabou-se a caridade,

  Começou a confusão.


  17 Ana orava e dava passes

  No Grupo da Irmã Josefa,

  A fofoca apareceu,

  Ana deixou a tarefa.


  18 Joel era pregador

  No Templo do Irmão Nazário,

  A fofoca trabalhou,

  Lá se foi o missionário.


  19 Só se falava de Deus

  No Grupo do Irmão José,

  A fofoca deu de cima,

  O povo perdeu a fé.


  20 Caíam bênçãos e luzes,

  No Grupo da Irmã Zozora,

  Fofoca falou em fraude,

  O grupo morreu na hora.


  21 Onde fofoca se instala,

  O remate é sempre assim:

  Desconfiança aparece,

  A união tomba no fim.


  22 Se você quer trabalhar

  No alto dever do Bem,

  Perdoe, ampare, auxilie…

  Não pense mal de ninguém.


  23 Silêncio e prece — eis a dupla

  Que fofoca não desata…

  Guarde essa dupla consigo,

  Que fofoca também mata.


Cornélio Pires


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