1 Quer você, prezada Zina,
Dar-se ao desquite comum,
No entanto, você deseja
Agir sem remorso algum.
2 E afirma: “Diga, Cornélio,
Diga o que posso fazer,
Tenho a mente atribulada
Entre a vontade e o dever.
3 Além de esposa, sou mãe…
Tenho dois filhos em casa…
Mas o marido infiel
É a provação que me arrasa!…
4 Dos ensinos de outro mundo,
Dê-me alguma diretriz,
Acolha fraternalmente
O apelo desta infeliz!…
5 Não se sinta, minha irmã,
Desditosa ou desprezada;
Lembre: o Sol abraça a todos,
Do monte às pedras da estrada.
6 Na essência, prezada Zina,
O caso é assim, qual se vê:
Qualquer deliberação
Pertence, em tudo, a você.
7 Sociedades e grupos
São destinados, ao Bem,
Deus não cria mal nenhum,
Nem cativeiro a ninguém.
8 Mas Deus nos fez de tal modo
Que a Lei, por todos os lados,
Emancipa as decisões,
E analisa os resultados.
9 Se possível, entretanto,
Estude esta simples nota:
Quase sempre o esposo é um filho
Que a esposa protege e adota.
10 Muita vez antes do berço,
Pedimos no Grande Além,
Enlace em luta na Terra
Em favor da paz de alguém.
11 O Céu nos ouve o pedido,
Tornamos à vida nova,
Querendo agir por servir,
Nosso amor é posto à prova.
12 Como atender à tarefa
Sem sacrifício no lar?
Amor é somente amor,
Nada tem a reclamar.
13 De outras vezes, ligação
Em fogo, martírio e chaga,
É o resgate progressivo
Do débito que se paga.
14 Em toda prova, no entanto,
O amor é uma luz sublime,
No trabalho, faz-se escola,
No sofrimento, redime.
15 Querida irmã, pense nisso:
Amor é abnegação,
Insista no amor. Não fuja
Aos laços do coração.
Cornélio Pires
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