1 Recebi o seu bilhete,
Meu caro Juquita Andrade,
Você quer informações
Em torno à mediunidade.
2 Diz você: “Fale, Cornélio,
Quanto aquilo que pergunto:
O médium já nasce médium
Para tal ou qual assunto?”
3 “O Espírito ao reencarnar,
Vem, por fé, atento a isso,
Tendo rogado no Além
Certo campo de serviço?”
4 Digo a você, caro irmão,
Tendo raízes na mente,
Mediunidade no mundo
É força de toda gente.
5 Ser médium, por isso mesmo,
É dom de qualquer pessoa,
Que se aproveita entre nós,
Conforme se aperfeiçoa.
6 Mas muitos irmãos no Além,
Pedem tarefas dobradas
Às vezes, para resgate
Das existências passadas.
7 Escolhem mediunidade
Por faixa de apoio e ação,
Procurando melhoria,
Progresso e sublimação.
8 Suplicam lutas enormes,
Apostolados gigantes,
Privações e sacrifícios
Em favor dos semelhantes.
9 Rogam empregos de santos,
Em caminhos tentadores,
Estenderão paz e fé
À custa das próprias dores.
10 Depois, na Terra, medindo
Esforços e oposições,
Começam fadiga e queixa,
Recessos e deserções.
11 Vejo muitos casos tristes
Que registro, a campo aberto,
Falências e frustrações,
Que vejo e anoto de perto.
12 Era médium Dona Branca,
Renasceu para ajudar,
Mas vendo o serviço à frente
Desistiu de trabalhar.
13 Desde criança era médium
O nosso amigo Tancredo,
Porque a tarefa aumentasse
O rapaz fugiu por medo.
14 Desenvolveu-se nas curas,
Nosso amigo Josué,
Notando o serviço grande,
Nosso amigo deu no pé.
15 Era médium na cidade
A irmã Nicota Rosenda,
Ampliando-se o trabalho,
Mudou-se para a fazenda.
16 Era médium, trabalhava,
Manoelino de Sofia,
Mas deixou de casa e centro
Ao ganhar na loteria.
17 Pensando em moeda grossa
O médium Joaquim das Dores,
Deixou de servir aos guias
E deu-se aos obsessores.
18 Era médium dedicado
O amigo Antônio Cascudo,
Mas desertou, alegando
Que precisava de estudo.
19 Por médium, servindo a muitos
Vi Antonica Beirão,
Parou logo, declarando
Que não tinha condição.
20 E assim o assunto vai indo…
Muito médium vem e vai,
Renasce, volve ao serviço,
Segue e recua, entra e sai…
21 Mas em Deus, na Criação,
Não há caminho inseguro…
Médiuns do bem somos todos
Em marcha para o futuro.
Cornélio Pires
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