O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Conversa firme — Cornélio Pires


1

Assunto de paz

  1 Quer você saber agora

  Meu caro Zico Tomás,

  Que posso dizer do Além,

  Quanto ao assunto da paz.


  2 Quantas vezes, meu amigo,

  Supúnhamos nós na Terra,

  Que a paz morasse na rede

  Da “casa branca da serra!…”


  3 O quintal todo enfeitado

  De rosas e margaridas,

  O céu azul… As cigarras

  Musicando nossas vidas.


  4 O mundo ao longe… Os cavalos

  Com montaria a nós dois,

  A viola, o cigarrinho

  E a mesa farta depois…


  5 As histórias sobre a chuva

  O aroma do chão molhado,

  A conversinha de sempre,

  E os cães dormindo de lado!…


  6 Relendo as suas palavras,

  Tudo me volta à lembrança…

  Quanta beleza de sonho,

  Quanto sonho de criança!…


  7 Sem dúvida, tudo isso,

  É a paz da preparação,

  Memórias e ensinamentos

  De apoio à meditação!


  8 A paz que nunca se afasta,

  Domínio jamais desfeito,

  É aquela que se constrói,

  Por dentro do próprio peito.


  9 Hoje anoto esta verdade

  Que vejo mais clara agora!

  Segurança verdadeira

  Não se conquista por fora!…


  10 Buscando a paz muita gente

  Estraga-se, desvaria…

  E acaba sempre em mais luta

  Nas lutas de cada dia.


  11 Há quem rogue paz em ouro,

  Influência e reboliço,

  Sem entender que esses dons

  São forças para serviço.


  12 Muitos volvem morro abaixo,

  Após a ilusão nos cimos,

  Nesses enganos de paz

  Quantos fracassos já vimos!…


  13 Rogamos apenas repouso,

  Conhecemos Dona Cissa,

  Somente achou a moleza

  De quem morre na preguiça.


  14 Largou-se de todo encargo

  Nhô Tolentino do Avanço,

  Pedia paz e mais paz

  Depois morreu de descanso.


  15 Neco buscando sossego

  Foi residir no Espigão,

  Logo após voltou do sítio,

  Picado de escorpião.


  16 Saiu da cidade grande

  Nhô Marcelino Siqueira,

  Buscava a calma num morro,

  Caiu de uma ribanceira.


  17 Queria viver tranquilo,

  Nhô Benedito Morais,

  Adoeceu de repente

  Porque comia demais.


  18 Fugiu de trabalho e luta

  Nosso Antonico da Praça,

  Descansou… Ficou mais triste,

  Depois tombou na cachaça.


  19 Era feliz trabalhando

  Nosso amigo Hilarião

  Abandonando as tarefas,

  Perdeu-se na obsessão.


  20 Queixando-se de fadiga

  Aposentou-se Nhô Bento,

  Entretanto, morreu logo

  Por falta de movimento.


  21 Nhá Cota entrando em sossego,

  Regrava a própria comida,

  Em seguida enlouqueceu

  De tanto pensar na vida.


  22 Zizina querendo paz

  Foi para a Roça da Lebre,

  Mas escondida num rancho

  Morreu tomada da febre.


  23 Trabalhe quanto puder,

  Não largue a enxada do bem,

  Serviço ajudando aos outros

  Nunca feriu a ninguém.


  24 Não caia nesses enganos,

  Desses casos que já vi,

  Que descanso sem razão

  Onde esteja, é isso aí.


Cornélio Pires


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