“Jesus lhe disse: Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete.” — (Mateus, 18.22.)
1 Atende ao dever da desculpa infatigável diante de todas as vítimas do mal para que a vitória do bem não se faça tardia.
2 Decerto que o mal contará com os empreiteiros que a Lei do Senhor julgará no momento oportuno, entretanto, em nossa feição de criaturas igualmente imperfeitas, suscetíveis de acolher-lhe a influência, vale perdoar sem condição e sem preço, para que o poder de semelhantes intérpretes da sombra se reduza até a integral extinção.
3 Recorda que acima da crueldade encontramos, junto de nós, a ignorância e o infortúnio que nos cabe socorrer cada dia.
4 Quem poderá, com os olhos do corpo físico, medir a extensão da treva sobre as mãos que se envolvem no espinheiral do crime? Quem, na sombra terrestre, distinguirá toda a percentagem de dor e necessidade que produz o desespero e a revolta?
5 Dispõe-te a desculpar hoje, infinitamente, para que amanhã sejas também desculpado.
6 Observa o quadro em que respiras e reconhecerás que a Natureza é pródiga de lições no capítulo da bondade.
7 O sol releva, generoso, o monturo que o injuria, convertendo-o sem alarde em recurso fertilizante.
8 O odor miasmático do pântano, para aquele que entende as angústias da gleba, não será mensagem de podridão mas sim rogativa comovente, para que se lhe dê a bênção do reajuste, de modo a transformar-se em terra produtiva.
9 Tudo na vida roga entendimento e caridade para que a caridade e o entendimento nos orientem as horas.
10 Não olvides que a própria noite na Terra é uma pausa de esquecimento para que aprendamos a ciência do recomeço, em cada alvorada nova.
11 “Faze a outrem aquilo que desejas te seja feito” ( † ) — advertiu-nos o Amigo Excelso.
12 E somente na desculpa incessante de nossas faltas recíprocas, com o amparo do silêncio e com a força da humildade, é que atingiremos, em passo definitivo, o Reino do Eterno Bem com a ausência de todo mal.
Emmanuel