1 Ante a fome de paz que te atormenta os dias, decerto já sonhaste com a disposição de repousar, além da morte, recusando o cálice de angústia que a existência carnal te sugere…
2 Cultivas a virtude e aspiras, sem dúvida, ao prêmio natural que o trabalho irrepreensível te granjeou.
3 Sofres e reclamas consolo…
4 Choras e pretendes alívio…
5 Entretanto, para lá das fronteiras terrestres, o amor te fulgirá sublime, no coração, como estrela surpreendente, mas ouvirás os soluços daqueles que deixaste sob a névoa do adeus…
6 Escutarás as preces de tua mãe e os rogos de teus filhos, quais poemas de lágrimas a desfalecerem de dor sobre a tua cabeça invadida de novas aspirações e tocada de novos sonhos.
7 Compreenderás a renúncia com mais segurança e exercerás o perdão sem dificuldade…
8 A consciência tranquila ser-te-á uma bênção; contudo, o anseio de ajudar fremirá no teu peito inspirando-te a volta.
9 E reconhecendo que o Céu verdadeiro não existe sem a alegria daqueles que mais amamos, regressarás por amor ao campo da luta para novamente experimentar e sofrer, esperar e redimir, adquirindo o poder para ascensões mais altas, 10 porquanto, pela força do bem puro, descobrirás com o Cristo de Deus a luz da abnegação que nos impele sempre a horizontes mais vastos, repetindo também com Ele, aos companheiros de aprendizado, a divina promessa:
11 — “Em verdade estarei convosco até ao fim dos séculos”, ( † ) porque não há felicidade para os filhos acordados de Deus, sem que todos os filhos de Deus entrem efetivamente na posse da felicidade real.
Emmanuel
(Reformador, fevereiro de 1960, p. 40)