Lutas em casa, parentes contrários às nossas ideias — principalmente às ideias espíritas — às vezes com tantos contratempos em nosso desfavor, foram os assuntos que nos ocuparam a atenção em nossa reunião. Muitos companheiros opinando e muitos pareceres como que a se contradizerem. Seria justo deixá-los, os familiares divergentes, entregues a si mesmos, pois não nos esposam os pontos de vista? Seria melhor discutir com eles, lutar pela verdade? As trocas de ideias entre nós seguiam essa linha, quando O Livro dos Espíritos ( † ) nos deu à meditação a questão 221. No término do nosso encontro, Emmanuel, com a pontualidade de sempre, escreveu, mais sobre o tema de nossas conversações do que sobre o tema do livro.
DESCRENTES QUERIDOS
1 Comumente, somos defrontados pelos companheiros marcados por incompreensões do grupo doméstico, em matéria religiosa.
2 Aceitam os princípios do Cristianismo Redivivo, que os entes amados não admitem ainda.
3 Regozijam-se na certeza da sobrevivência, além da morte; 4 reconfortam-se no trato com amigos espirituais domiciliados no Mais Além; 5 edificam-se na ideia da reencarnação 6 e compreendem os elevados misteres da mediunidade, mas sofrem o antagonismo de seres estimáveis transitoriamente incapazes de lhes compartilhar o mesmo nível de elevação e progresso.
7 Se isso te ocorre na experiência diária, não convertas a luz interior das convicções que te beneficiam em martelo que te espanque a estrutura familiar, comprometendo-lhe a segurança.
8 Empenha-te a servir na lavoura da libertação quanto possas; entretanto, se a fé que te orienta é motivo a desajustes crônicos, não abandones os descrentes queridos, a pretexto de exaltar a Obra de Deus.
9 Mantém o equilíbrio do lar, embora sem qualquer servidão que te anule o pensamento livre, sustentando a tranquilidade dos que te cercam e aplicando em casa, com discrição e silêncio, as lições que te compõem a crença e baseiam os raciocínios.
10 Talvez não possas comungar, de imediato, as tarefas renovadoras nas assembleias dos irmãos de trabalho, compromisso, mas podes exercer o dom de crer e servir ao lado da equipe caseira que te pede prática e testemunho.
11 Pais difíceis, em muitos casos, são credores exigentes a te solicitarem o resgate de débitos passados em serviço de renunciação permanente. 12 Esposa e esposo, filhos e filhas, tanto quanto amigos e irmãos não só por vezes te cobram dívidas que ficaram à distância, nas trilhas do espaço e do tempo, como também quase sempre são criaturas, às quais prometeste assistência e apoio, antes do berço terrestre, em forma de sacrifício pessoal para se fazerem as criaturas providenciais que podem e devem ser.
13 Não menosprezes os familiares que a Lei Divina te confiou.
14 Quanto puderes, auxilia-os na compreensão gradativa da evolução e da vida.
15 Quando Jesus nos adverte a deixarmos os pais e os entes amados para conseguirmos ser seus discípulos, ( † ) não nos induzia a abandoná-los e sim nos pedia renunciarmos à felicidade de ser por eles compreendidos, de modo a amá-los, mais profundamente, qual Ele mesmo, o próprio Cristo, nos ama e sempre nos amou.
Emmanuel