1 Embora possamos conceituar os Bens da Vida segundo as nossas concepções pessoais, definindo-os a nosso modo, a verdade é que eles têm qualificações e classificações próprias.
2 Sob a forma de patrimônio comum, encontramo-los espalhados por toda a parte, como expressão dadivosa da Natureza. Tudo quanto existe vale por manifestação de sua presença.
O ar que respiramos.
A água que bebemos.
O Sol que nos aquece e vivifica.
O dia que nos favorece com as suas horas.
A noite que nos enleva com a magia do seu cenário e nos felicita com a bênção do repouso.
O perfume que balsamiza a atmosfera.
A flor que engalana o jardim.
A árvore que enfeita a paisagem.
O fruto que se ostenta na árvore.
A brisa que ameniza o calor.
O orvalho que se espalha na relva e resvala nas folhas e flores das plantas.
O corpo de que se reveste o Espírito.
As substâncias que vitalizam o organismo.
O vento, a chuva, as riquezas do solo e do subsolo os minerais e vegetais, a força hidráulica, o magnetismo terrestre, as ondas hertzianas, as correntes marinhas, a eletricidade, as fontes térmicas e minerais, a fauna e a flora — tudo isto forma o majestoso conjunto de dádivas que o Pai Celestial põe à disposição de todos, sem que coisa alguma custe alguma coisa a alguém.
3 Estas são as naturais
dotações da Criação ao Homem. A par delas, porém; necessariamente deve
haver as doações do Homem à Vida, que, ao contrário das primeiras, têm
origem na natureza espiritual da criatura, procedem de dentro para fora.
4 Toda e qualquer exteriorização
construtiva significando esforço de realização a bem do próximo, equivale
a uma projeção do espírito humano, no sentido da ampliação de suas possibilidades,
mediante a aquisição de maiores bens e valores eternos, definindo-se
e positivando-se cada vez mais para melhor.
5 Portanto, não é só o que
nos beneficia que são bens da Vida, mas também e principalmente quanto
de benefício pudermos proporcionar aos outros, procurando fazê-los felizes
para sermos felizes com eles, isto é, fazendo nossa a própria felicidade
alheia.
6 Poderemos caracterizar
atitudes e situações que se enquadram nesta ordem de coisas, aferidas
assim por um outro critério de valorização.
7 O silêncio que fazemos
em torno de acontecimentos isolados do conjunto, para não levarmos ao
pelourinho da vergonha e da desonra seus protagonistas.
8 A palavra que pomos a
serviço da complacência, sempre pronta a defender e a amparar.
9 A mensagem de estímulo
e conforto que endereçamos aos flagelados do corpo e da alma.
10 A prece que formulamos
em favor de alguém.
11 O passe que aplicamos
com o sincero desejo de colaborar na recuperação do enfermo.
12 O lar que fundamos
em bases cristãs.
13 A família que educamos
nos princípios enobrecedores do pudor e da compostura, do trabalho e
do estudo, da honradez e da dignidade.
14 A escola que ajudamos
a manter com o nosso esforço.
15 Os favores desinteressados
que prestamos a quem quer que seja.
16 Os ensinos que ministramos
aos menos favorecidos de conhecimentos.
17 A mão que estendemos
aos que precisam levantar-se e caminhar.
18 O aproveitamento das
provas e expiações.
19 Sob o aspecto de inspiração
própria, de iniciativa individual, de cunho essencialmente íntimo, muita
coisa podemos fazer e deixar de fazer, que resultará em bênçãos e luzes
do nosso caminho, com tanto mais proveito para nós mesmos quanto maior
for o benefício que pudermos proporcionar a outrem.
20 Estes outros Bens da
Vida formam o patrimônio próprio de cada um de nós e perduram conosco
por todo o sempre, porque são o tesouro que o ladrão não rouba, a traça
não rói, a ferrugem não destrói e o tempo não consome. ( † )
Passos Lírio
[1]
[Revista Reformador (FEB) Junho 1970] Essa mensagem foi publicada
no jornal NOTÍCIAS POPULARES (sem data, década de 1970/80) na seção
“MENSAGEM DO DIA — de Chico Xavier”; o recorte jornalístico encontra-se
sob a custódia do Dr. Eurípedes Higino, filho adotivo do Chico.