O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Cartas do Alto — Autores diversos


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Mensagem a Luis Guerrero Ovalle

1 Ovalle, amigo,
Diante de nós é a paisagem tumultuada. O mundo em transição.

2 De um lado, a ausência de amor nos corações e, de outro, as ideologias envenenadas conturbando o espírito e ameaçando-lhe as construções milenárias.

3 A abundância de recursos materiais não soluciona o problema, de vez que a fortuna raras vezes é manejada pelo homem a serviço da alma, enquanto a Ciência, na exaltação de cultura exclusiva do cérebro em que se desvaira, não consegue penetrar a esfera do sentimento em proveito da criatura imortal para quase se deter, tão-só, no campo de transitória dominação.

4 Entre as calamidades morais que pesam sobre a fronte do planeta, encontramos no Espiritismo, em sua expressão de Evangelho restaurado por Allan Kardec, a luz capaz de clarear o caminho e dissipar as trevas.

5 Exumar o Cristo de Deus e associá-lo à nossa vida na Terra, tanto quanto desentranhar o nosso próprio coração do labirinto de enganos em que nos desgovernamos, há séculos, para reuni-lo ao Cristo de Deus, é a nossa tarefa primordial na Doutrina Espírita, que nos solicita trabalho e consagração.

6 Em toda parte, surpreendemos a multidão à espera da Boa Nova restaurada, com fome de paz e sede de esperança.

7 Não se trata de um movimento de fé enquistada na interpretação dogmática, em matéria de religião. Temos à frente a sementeira da fé viva e da religião dinâmica da sabedoria e do amor, cujo templo se erige em cada consciência e cujo serviço de veneração a Deus se estende de cada um de nós em favor dos semelhantes.

8 Kardec, sem dúvida, em nome do Senhor, descerrou a estrada libertadora e edificante que nos cabe trilhar. E, de nossa parte, urge explicar-lhe os conceitos, ampliar-lhe as tarefas, adubar-lhe a lavoura da verdade e abraçar-lhe o apostolado de regeneração com todas as nossas forças. 9 Se é justo que a Doutrina Espírita exija a presença dos heróis da caridade sarando corpos enfermos, vestindo os nus, albergando os desamparados e recolhendo os pequeninos sem teto, não nos será lícito esquecer a necessidade dos artífices da palavra e do pensamento, capazes de burilar as ideias novas com vistas ao esclarecimento popular.

10 Dar pão que recupere as forças físicas em processo de exaustão, mas oferecer o pão espiritual que revivifique a alma estirada na indisciplina ou na ilusão, em revolta ou desalento.

11 Divulgar o Espiritismo na atualidade da Terra é tão importante quanto fazer luz para arredar o poder da noite.

12 Em nome, pois, de muitos companheiros que delegam ao servidor humilde que somos a distribuição de falar-lhe diretamente ao coração de seareiro da verdade, concitamos o querido amigo ao prosseguimento de sua obra, notadamente no campo da língua hispânica, que abrange extensa família de povos na família dos povos da humanidade.

13 Trabalhar, sim, meu amigo. Aperfeiçoar a frase e revesti-la de luz. Cunhar o texto construtivo com o material das realidades da vida e apresentá-lo no veículo do amor que salve e levante, construa e recupere corações.

14 Abrir clareiras na selva das sombras que se agigantam, organizando sendas novas de libertação e reconforto, que outros pavimentarão, mais tarde, para o intercâmbio perfeito entre o futuro e a verdade espiritual que lhe comandará os destinos.

15 Apontar o rumo certo às gerações vindouras e criar, com a força do verbo, o caminho adequado que conduza os homens de hoje para as vitórias de amanhã.

16 Usar a palavra e santificá-la, seja na tribuna, ou na pena, junto das multidões ou na intimidade dos simpósios, proclamando os conhecimentos superiores da imortalidade do ser, 17 da justiça na reencarnação, 18 dos princípios de causa e efeito, 19 dos imperativos da solidariedade universal, 20 da necessidade do aprimoramento íntimo, 21 do poder do trabalho, 22 da alavanca renovadora do bem 23 e do triunfo sobre a morte, 24 a fim de que o homem se reconheça herdeiro de Deus, com todas as possibilidades dos filhos de Deus, na Terra, quanto em outras pátrias do reino cósmico, em plenitude de eternidade.

25 Sigamos à frente, oferecendo o melhor de nós mesmos à grande causa da humanidade. 26 Esquecer injúrias, recordar bênçãos. 27 Desculpar a incompreensão e cultivar o entendimento. 28 Cobrir a discórdia com o bálsamo da oração e refazer o plantio da paz, seja onde for. 29 Nunca inventariar deserções e desapontamentos, e entesourar confiança e otimismo na convicção de que todos somos irmãos a caminho do regozijo final, guardando cada um de nós uma visão provisória da vida, conforme o degrau em que nos coloquemos na sublime escalada. 30 Nunca recuar, mas avançar sempre. 31 Chorar, por vezes, porque a lágrima é suor do coração em testemunho de fé purificadora, mas nunca desanimar ou aderir às perturbações que, frequentemente, nos convidam à queixa e ao desequilíbrio à margem da senda que se nos abre às realizações.

32 Saudamos, em sua presença e na presença da companheira que lhe partilha a obra de amor e verdade, a presença de irmãos que retornam ao próprio lar. 33 Com o lume da alegria e da confiança, nós, os companheiros desencarnados, dos que lhes recebem a carinhosa visita, temos constantemente de repetir-lhes no abraço jubiloso: “Irmãos queridos, em todo tempo estaremos reunidos no domicílio de nossas aspirações, compartilhando a mesma tarefa, na mesma vibração de fraternidade e de esperança.”

34 Entreguemo-nos ao trabalho do bem na segurança interior de nossa fé. 35 Ofereçamos ao Senhor o melhor de nossas vidas e estejamos seguros de que o Senhor jamais nos relegará para fora de sua bênção.

36 Irmãos queridos, caminhemos de corações entrelaçados na subida áspera e luminosa em direção aos objetivos supremos dos nossos ideais, e que Deus nos inspire, esclareça, guarde e abençoe.


Emmanuel



Reformador — Setembro de 1980.
[Na revista precitada acima, à página 285, há excelentes informações sobre o irmão a quem a mensagem foi dirigida.]


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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