1 Não observes a criatura cuja palavra a morte emudeceu como alguém que se aniquilou.
2
Corpo gasto é apenas veste rota.
3 Se ainda ontem oferecias devotamento aos que atravessam as barreiras da sepultura, por que motivo transformarás, agora, as flores do teu amor em espinhos de desespero?
4
Quem parte quase sempre transporta consigo aflições e problemas que não consegues imaginar!...
5 Muitos daqueles que de ti receberam entendimento e carinho abandonaram a Terra conduzindo consigo as paixões que lhes devastavam o ser, os dissabores em que se cristalizaram, as angústias da separação e as chagas do remorso que adquiriram.
6 Não lhes atires fogo à alma inquieta através do pranto inconsiderado.
7 Ajuda-os com a prece amiga e faze algo que lhes garanta a libertação, fortalecendo-lhes a esperança ou socorrendo a viuvez e a orfandade que lhes recordam o nome, atenuando o sofrimento e a treva que deixaram na retaguarda.
8 Comentando-lhes a passagem no mundo, destaca-lhes os anseios e as qualidades nobres, reportando-te aos elevados desejos que não puderam realizar.
9 Não salientes o mal de que foram vítimas, nem te refiras aos enganos a que se acolheram, porque teu pensamento e teu verbo atingem o Mais Além com endereço infalível.
10 Não provoques o pranto de quem já chorou em demasia à frente da verdade, nem apagues a chama da fé viva que brilha em favor daqueles que se tresmalham nos labirintos do ódio.
11 Auxilia-os como puderes e acende o lume da oração junto deles para que se restaurem com segurança.
12
Não olvides que amanhã serás o indeciso viajante das sombras, supostamente morto para os que ficam, e somente por teu incessante auxílio aos outros é que dos outros receberás o auxílio de amor, luz e paz. n
Emmanuel
Reformador — Novembro de 1956.
[1] Segundo consta do original, a página foi recebida em reunião na noite de 20/03/1956, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Não há referência de local.