1 Enquanto vibra o calor
Do verão, em luz florida,
A capa confortadora
Permanece recolhida.
2 Em tudo há sol claro e quente,
Após a bênção do orvalho…
Oculta-se a capa amiga
Nas reservas de agasalho.
3 Entretanto, chega um dia,
Que surge na imensidade,
Envolto de sombras frias
E sopros de tempestade.
4 Rajadas dilacerantes
Invadem a atmosfera,
Não mais a carícia doce
Das tardes de primavera.
5 De outras vezes, muito embora
Cesse a grande ventania,
Continua o inverno forte,
Torturando noite e dia.
6 Ar gelado, névoas densas
Ao longo de toda a estrada,
Se a neve não cai do céu,
A terra sofre a geada.
7 É quando a capa bondosa
Aparece no caminho,
Como a terna mensageira
Do consolo e do carinho.
8 Requestada em toda a parte,
No tempo frio e brumoso,
Trabalha, conforta e ajuda,
Sem as pausas do repouso.
9 Assim, no inverno das dores
Que trazem desolação,
A crença é a capa celeste
Que agasalha o coração.
10 Mas no mundo há muito crente,
Que quando padece e chora,
Desatende a Providência
E atira com a capa fora.
Casimiro Cunha
|