1 Enquanto o leque da noite
Agrava a sombra e o perigo,
A distância, eis que se acende
O farol bondoso e amigo.
2 A luz define os caminhos,
Mostra o vulto dos rochedos,
Pode o barco prosseguir,
A treva não tem segredos.
3 Tudo é noite sobre o abismo,
Mas na torre existe alguém,
Atento em manter a luz,
Disposto a fazer o bem.
4 É o faroleiro. Em silêncio
Clareia a amplidão do mar,
Determina o rumo certo
E atende sem perguntar.
5 Navios maravilhosos,
Em prodígios de conforto,
Recebem-lhe o benefício
E seguem, de porto a porto.
6 Passam barcos de descanso,
Jangadas laboriosas…
O farol ajuda sempre
Sem perguntas ociosas.
7 Todos devem ao farol,
Do comando ao marinheiro,
Mas quase ninguém conhece
As dores do faroleiro.
8 Por servir e auxiliar,
Aceita uma condição:
A vida de insulamento
Muita vez em privação.
9 Se ouvirmos as grandes vozes
Da verdade soberana,
Na Terra acontece o mesmo
Nos mares da luta humana.
10 Quem possa trazer mais luz
Vive em campo solitário,
Tal qual o Mestre Amoroso
Da torre em cruz do Calvário.
Casimiro Cunha
|