1 Elevam-se labaredas…
O fogo ameaçador
Foi centelha, mas agora
É incêndio devorador.
2 Ninguém lhe conhece a origem
Obscura, nebulosa,
Ninguém sabe onde se oculta
A mão rude e criminosa.
3 A fogueira continua
Buscando mais alto nível,
Aumentando de extensão
Quanto ganha em combustível.
4 Estalam antigos móveis,
Prossegue a destruição;
Em torno anseio infinito,
Amarga desolação.
5 Língua rubra, formidanda,
Varre agora a cumeeira.
Toda a casa se esboroa…
Sob a ação dessa fogueira.
6 Desdobra-se o nobre esforço
De amparar e socorrer,
A bondade põe-se em campo,
Ciosa do seu dever.
7 Entretanto, embora o auxílio
Dos trabalhos de emergência,
A nota predominante
É o carvão da experiência.
8 Assim é o mal neste mundo:
A princípio, sem que doa,
Envolve a perversidade
Em forma de cousa à toa.
9 Depois, é o braseiro extenso,
O furor incendiário,
Que atinge distância enorme
Com a lenha do comentário.
10 Vigia-te a cada instante,
Atende, pensa, examina!
Todo incêndio começou
Na fagulha pequenina.
Casimiro Cunha
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