1 Na época dadivosa
Da colheita cor-de-ouro,
É tempo de conduzir
Cereais ao malhadouro
2 Espigas maravilhosas
Vêm às mãos do tarefeiro,
Aglomerando-se em busca
Da secagem no terreiro.
3 Antigamente eram flores
Mostrando verdura e viço;
Agora, a compensação
Que se reserva ao serviço.
4 Mas por ser o resultado,
A garantia, o futuro,
O grão rico e generoso
Precisa ser nobre e puro.
5 O lavrador cuidadoso
Organiza providências,
É necessário excluir
As últimas excrescências.
6 Inicia-se a limpeza,
Servidores a malhar,
No espaço o longo assobio
De varas cortando o ar.
7 São precisos golpes rudes,
Bordoadas no bom grão,
Por conferir-lhe a grandeza
De servir, além do chão.
8 Depois disso, alcança a glória
De amparar o lavrador,
A alegria de prover
Em nome do Criador.
9 Se ao longo de tua vida
Sentes choques do mangual,
É que estás em madureza
No campo espiritual.
10 Não fujas ao malhadouro,
Guarda paz e vigilância:
Que a luta nos roube agora
Os restos da ignorância.
Casimiro Cunha
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