1 Entre os bens da Natureza,
Tem o homem, cada dia,
No ribeiro claro e manso
Lições de sabedoria.
2 Ei-lo que passa sereno,
Em doce fidelidade,
Dá vida aos paióis do campo,
Conforta e limpa a cidade.
3 Busca as terras desprezadas
Que nunca tiveram dono,
Atende as raízes tristes,
Deixadas ao abandono.
4 Converte toda tarefa
Num dom gratuito e suave,
Mata a sede da serpente,
Como o faz à flor e à ave.
5 Cumprindo o labor de sempre,
Nunca cessa de correr,
Ensina a perseverança,
Exemplifica o dever.
6 Se a chuva lhe traz a enchente,
Vai além da obrigação,
Busca a terra deserdada
E lhe ensina a dar mais pão.
7 É tão sereno e bondoso,
Tão amigo e tão perfeito,
Que não se nega ajudar
A mão que lhe muda o leito.
8 O ribeiro carinhoso
Não cessa de trabalhar,
Parece o semeador
Que saiu a semear.
9 E vendo que Deus é o dono
Das sementes multifárias,
Nunca volta no caminho
A contas desnecessárias.
10 Ao homem do mundo inquieto,
O ribeiro calmo ensina
Como agir e confiar
Na Providência Divina.
Casimiro Cunha
|