1 Enquanto a cerca trabalha,
Organizando a divisa,
A porteira se encarrega
Da tolerância precisa
2 O caminho generoso,
Defendido em cada lado,
Não pode ser confundido,
Nem deve ser perturbado.
3 Quem organiza, porém,
O esforço de vigilância,
Pode, às vezes, ser levado
A gestos de intolerância.
4 A rigidez na fronteira,
Tendendo para o egoísmo,
Encontra a porteira sábia
Que opera contra o extremismo.
5 Nas praças, como nos campos,
Ela ensina, com carinho,
Que a propósitos sagrados
Não se nega o bom caminho.
6 A cerca defende a ordem
Dominando o que é contrário,
Mas a porteira bondosa
Atende ao que é necessário.
7 Há pessoa aflita e triste
Que precise providência?
Ei-la pronta a qualquer hora,
E atende com diligência.
8 Animais ao abandono?
Necessidades de alguém?
Expõe com simplicidade
A sua missão no bem.
9 E com calma superior,
Humilde e silenciosa,
Completa o serviço amigo
Da cerca criteriosa.
10 Vivem no mundo almas nobres,
Torturadas de aflição,
Porque lhes faltam porteiras
Nos campos do coração.
Casimiro Cunha
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