1 Vai-se o inverno frio e longo,
Volta o tempo desejável.
O açude prossegue sempre
Na harmonia inalterável.
2 Espelho caricioso
Refletindo o céu de anil,
É lençol de luz e ouro,
Na tarde primaveril.
3 Durante o dia sem sombras,
Retrata o Sol a brilhar,
Quando a noite vem descendo
Guarda os raios do luar.
4 Tudo isso é um quadro lindo,
Mas não é só. A represa
É a mensagem da prudência
No apelo da Natureza.
5 O açude não priva as águas
De manter seus bons ofícios,
Mas sabe guardar as sobras,
Evitando os desperdícios.
6 No organismo inteligente
De suas disposições,
Fornece canais amigos
Em todas as direções.
7 E surgem forças cantando,
No pão, na luz, no agasalho.
É a vitória da alegria,
Na abundância do trabalho.
8 Se a represa não guardasse
Com prudência e com carinho,
Faltaria o necessário
Nos celeiros do caminho.
9 Se o perdulário entendesse
O ensinamento do açude,
Jamais choraria a falta
Do sossego e da saúde.
10 Guardar o que seja justo,
Sem torturas de avareza,
É da prudência divina
No livro da Natureza.
Casimiro Cunha
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