1 Onde a estrada se biparte,
Parando sem que prossiga,
Manda o Pai que se construa
A ponte bondosa e amiga.
2 Consagrada ao bem dos outros,
Todo instante, atenta a isso,
Dom dos céus a revelar
O espírito de serviço.
3 Suspensa sobre as alturas,
Onde uma queda ameaça,
Sem privilégio a ninguém,
A ponte serve a quem passa.
4 Sempre pronta no caminho,
No seu esforço incessante,
Todo o tempo, dia e noite,
É bondade vigilante.
5 Sanando dificuldades,
Dá-se ao que vai e ao que vem,
Pratica com todo o mundo
A divina lei do bem.
6 Por gozar-lhe toda hora
Seu constante e terno amor,
Os homens nunca refletem
Na extensão do seu valor.
7 Muita vez é necessário,
Para que o possam sentir,
Que em meio da tempestade
A ponte venha a cair.
8 No instante em que cada qual
Vê que o bem próprio periga,
Já ninguém mais desconhece
Quem era essa grande amiga.
9 A ponte silenciosa,
No esforço fiel e ativo,
É um apelo à lei do amor ,
Sempre novo, sempre vivo.
10 Vendo-a nobre e generosa,
Servindo sem altivez,
Convém saber se já fomos
Como a ponte alguma vez.
Casimiro Cunha
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