1 Essa lenha pobre e seca,
Que se entrega com bondade,
É sugestão do caminho
E exemplifica a humildade.
2 Já pensaste em seu passado?
Um lenho seco… que era?
Talvez o galho mais lindo
Dos dias da primavera.
3 Quem sabe? Talvez um tronco,
Terno abrigo nos caminhos,
Um palácio nobre e verde
De flores e passarinhos.
4 No entanto, em missão de auxílio,
Com santa resignação,
Não se nega a cooperar
Nas máquinas a carvão.
5 Em noite chuvosa e fria,
Ela é a doce companheira
Que aquece as recordações,
Crepitando na lareira.
6 Ao seu calor, os mais velhos
Acham prazer na lembrança;
Os mais moços a alegria
De comentar a esperança.
7 Morrendo animosamente,
Em chamas de luz e graça,
Ela sabe que é de Deus,
Por isso trabalha e passa.
8 Se viveu rindo e cantando,
Entre seivas e prazeres,
Com os mesmos encantamentos,
Cumpre os últimos deveres.
9 Ah! quão poucos na jornada
Convertem reminiscências
Em calor, vida e perfume
De novas experiências!…
10 Mas chega o dia em que o homem,
Sem combater, sem negar-se,
Precisa, como essa lenha,
Da coragem de apagar-se.
Casimiro Cunha
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