1 Na esteira da confusão,
Há perigo, o carro empina.
São golpes de bois madraços
Em horas de indisciplina.
2 Avançam, rumo ao barranco,
Atiram-se à revelia,
São cegos à estrada enorme
E surdos à voz do guia.
3 O carreiro vigilante
Atende à situação:
Na canícula dourada
Vibram golpes de aguilhão.
4 À custa de esforço ingente,
A poder de ferroada,
A ordem volta ao serviço,
A harmonia volta à estrada.
5 Há revolta momentânea
Nos bois rudes, a tremer,
Mas, a bem da paz de todos,
Cada qual cumpre o dever.
6 E o carro prossegue firme,
Sem desvios, sem parar,
Buscando os objetivos
Que, por fim, deve alcançar.
7 Na Terra, também é assim:
Nas sendas de redenção,
Todo homem necessita
Estímulo à própria ação.
8 No lar, como no trabalho,
Desde o berço até a morte,
A criatura precisa
Aguilhões de toda sorte.
9 Muita gente fala deles
Com desespero e com asco;
Mas, Jesus santificou-os
No caminho de Damasco. ( † )
10 Obedece a Deus e passa,
Vive sempre atento a isto:
Todo aguilhão que te fere
É bênção de Jesus-Cristo.
Casimiro Cunha
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