1 Rangem troncos seculares
Aos golpes do lenhador.
É o machado formidando
No impulso renovador.
2 Toda a floresta se agita
Em terríveis convulsões,
Continua a derrubada
Que precede as plantações.
3 Sol quente. Suor. Serviço.
E as árvores vigorosas
Estraçalham com fragor
As frondes cariciosas.
4 Após o trabalho ingente,
A invasão do fogaréu;
Fumo espesso devorando
A doce amplidão do céu.
5 Gritam aves assustadas,
Sem ninho, sem paz, sem guia,
Animais inferiores
Vão fugindo em correria.
6 A seguir vem a coivara
Completando a grande prova,
É o termo da derrubada
A favor da vida nova.
7 Somente aí são possíveis,
Pasto verde e espiga loura,
Pomares e sementeiras,
Celeiro, casa e lavoura.
8 Já observaste que o homem,
Ao longo de toda a estrada,
Precisa também, por vezes,
Das foices da derrubada?
9 É a dor proveitosa e rude,
Surgindo em golpes violentos,
A força que retifica
A mata dos sentimentos.
10 Sem trabalho não teremos,
No caminho universal,
Nem casa com Jesus-Cristo,
Nem pão espiritual.
Casimiro Cunha
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