1 Quem faça viagem longa,
Se é prudente e ponderado,
Jamais pode prescindir
Do concurso de um cajado.
2 Conduzir arma de fogo
Ultrapassa a obrigação,
Evite-se a qualquer preço
A morte e a destruição.
3 Entretanto, é indispensável,
Nas surpresas do caminho,
Que se guarde alguma cousa
Contra a pedra, contra o espinho.
4 O bordão é companheiro,
Não se aflige, não se assusta;
Permanece na defesa
Do esforço da causa justa.
5 Pode agir sem destruir,
Cede apoio com proveito,
Prestativo, atencioso,
Infunde calma e respeito.
6 Desvia o curso à serpente,
Traça rotas, vence o mato,
Em todas as latitudes,
O bordão é herói no tato.
7 Sonda o leito do caminho,
Pratica a verdade e o bem,
Onde há fogos e perigos,
Informa como ninguém.
8 Com seu auxílio é possível
Prosseguir e caminhar,
O próprio cego dos olhos
Não precisa estacionar.
9 Reparando-se, porém,
No ensino a que o quadro alude,
A jornada é nossa vida,
O bordão, nossa atitude.
10 Segue honesto, a passo firme,
De espírito sossegado,
Não sofras pelo dinheiro,
Mas conserva o teu cajado.
Casimiro Cunha
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