1 Nos quadros da Natureza,
A terra e o cultivador
São personagens sublimes
Do livro do Pai de Amor.
2 A terra mais seca e dura
Conserva, no coração,
As bênçãos da Luz Divina
Que fornece o nosso pão.
3 E o lavrador é o amado,
A mão simples, meiga e boa,
Que regenera e semeia,
Que cultiva e aperfeiçoa.
4 Pesados desbravamentos,
Arado rude a ferir…
Humilde, dilacerada,
Toca a terra a produzir.
5 Quanto mais a enxada vibre
No sulco forte e profundo,
Mais a flor promete fruto,
Mais o celeiro é fecundo.
6 Muita vez, o solo agreste
É lama desamparada,
Mas a mão do lavrador
Traz a vida renovada.
7 Onde queimava o deserto
E o calor não tinha fim,
Brincam asas buliçosas,
Cantam flores de jardim.
8 Quem não viu da própria estrada
O esforço do lavrador
E a terra aberta em feridas.
Dando a riqueza interior?
9 Assim, no mundo, a alma pobre,
Inda vil, inda assassina,
Oculta a fagulha excelsa
Da Consciência Divina.
10 E a dor, nossa grande amiga,
Na terra do coração,
É o lavrador bem-amado
Da vida e da perfeição.
Casimiro Cunha
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