1 Meu amigo, eu te desejo
Aquela paz do Senhor
Que transforma as amarguras
Em santas preces de amor.
2 Nosso Pai ouve a oração
De tua grande ansiedade,
Como te vê no caminho
De dor e dificuldade.
3 Espera serenamente
Não obstante a aflição;
Deus é um Pai que não dá pedras
Ao filho que pede pão.
4 Nos dias angustiados
De desencanto e doença,
O homem deve apurar
As luzes de sua crença.
5 Às vezes, chorando:
— “Socorrei-me Senhor!…
Ai! como tarda o consolo
No dia, de minha dor!…”
6 Mas, não lembraste a oração
Com tanta solicitude
Nas horas irrefletidas
Em que arruinaste a saúde.
7 A incontinência teimosa
Na rebeldia e no gozo,
Pode ter vindo de outrora,
Do passado tenebroso.
8 Porque esta vida de agora
É somente uma fração
De teu trabalho à procura
Dos mundos da perfeição.
9 Nos teus ais, nos teus soluços,
Do corpo dilacerado,
Recorda que a dor existe
Para a luz de um fim sagrado.
10 Se teu mal é longo e rude,
Renovando-te aflições
Ele é a válvula divina
Que escoa as imperfeições.
11 Se a moléstia é passageira,
Tem cuidado na existência
A dor física, por vezes,
Não passa de advertência.
12 De qualquer forma, porém,
Sê paciente e sê forte,
Inda que sintas contigo
O augúrio triste da morte.
13 Acima dos preparados
Que visam a tua cura,
Põe o remédio divino
Da fé milagrosa e pura.
14 Abençoa, meu irmão,
Essa dor que te conduz
Da sombra espessa da Terra
Para as bênçãos de Jesus.
Casimiro Cunha
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