O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Colheita do bem — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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Em uma cidade amiga

23/05/1951


1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês todos, concedendo-lhes muita saúde e paz, alegria e bom-ânimo no grande roteiro de cada dia com Jesus.

2 Realmente, de passagem na companhia de vocês pela cidade amiga que acabam de visitar, regressei igualmente com uma profunda impressão de lástima — devo dizer positivamente assim — em vista dos quadros espirituais que lá se descortinam ao nosso olhar. Estagnação, marasmo e inércia em muitos setores, com todo o respeito devido às organizações e conquistas de ordem material que ali são reais e inconfundíveis. Não basta, porém, que o homem ajunte os bens — é necessário que os espalhe, na elevada compreensão do aproveitamento que deve assinalar a nossa luta. Não vale fazer muito com as mãos sem nutrir o espírito e o sentimento com valores reais e santificantes à frente da vida.

3 Existem ambientes festivos que se assemelham ao pomar de grande florescência e de minguada frutificação. Em minhas palavras, creiam vocês, não aparecem crítica ou amargura. Sei que a maioria de nossas comunas sociais, em Minas, se constitui da cópia de umas das outras. Há parada espiritual em muitos ângulos de nosso patrimônio geográfico e sentimental, e reconheço que a obra do progresso é de tempo, paciência, auxílio e recapitulação incessantes. Mas quando vemos árvores preciosas e robustas com a produção prejudicada por estranhos vermes, ou sufocadas em estreito trato de terra, lastimamos realmente o olvido das oportunidades que o divino Poder concedeu ao lavrador.

4 Vi tantos companheiros reunidos em assembleia familiar sem audição na alma e sem visão no íntimo do ser, tantos amigos que poderiam ocupar avançados postos em nossa vanguarda de serviço, na Esfera em que hoje me encontro, que somente me resta rogar ao Senhor os ampare e ilumine, a fim de que se desloquem no campo de si mesmos desvencilhando-se de velhos pedrouços que os encarceram a escuros círculos de improdutividade. 5 Conversei com alguns e aos mais chegados ao nosso coração tentei conduzir a chama da amizade, qual a nossa, invariável e inextinguível, mas não me ouviram e nem enxergaram. O foco mental está centralizado na direção do setor que deixaram preocupados, no fundo, sobre a melhor maneira de reabsorverem o corpo que o tempo já consumiu. É doloroso observar semelhante quadro, contudo, não me reporto a ele como quem reprova. Os anos são bons amigos e despertam-nos a responsabilidade para deveres mais graves. 6 Reconhecemos que a evolução é lei, fundamento da vida e selo da perfeição em todos os escaninhos do Universo. Destaco o estudo para sentirmos, de perto, os imperativos de nossa própria renovação para o bem, diariamente. Aceitemos a luta, por mais árdua se nos figure, como sendo a coleção de aguilhões abençoados que, brandidos sobre nós, descerram à nossa alma, nos continentes interiores de nossa vida eterna, caminhos sempre novos, em novas concepções, em novos ideais e em facilidades novas, que nos habilitam à ascensão para sociedades e experiências de ordem superior. 7 Não se assombrem nem se aflijam demasiadamente toda vez que forem visitados pela dificuldade, pelo obstáculo, pelas circunstâncias adversas ou por inesperadas incompreensões. O trabalho é o corredor sublime de acesso a esses brilhantes fatores de nosso aprimoramento e avanço na marcha. 8 O dinheiro excessivo, traduzindo facilidade, é material isolante na jornada progressiva do homem para o domínio santificador. Muitas vezes, a ilha de ouro e repouso é simples atraso na grande viagem quando elegemos imprópria a parada por impositivo de nossa renovação.  9 Sigamos adiante. Com a dor, com o espinho, com a pedra, com a perseguição, com o indiferente e com o inimigo. Quem verá no bisturi um instrumento de prazer? Entretanto, não podemos negar que muitas vezes é a garantia do equilíbrio orgânico se a veste carnal exige reestruturação.

10 Peço muito a Deus para que vocês não durmam sobre o conhecimento e sobre a graça. Felizmente, a existência tem sido para nós uma bendita peregrinação íntima na procura da verdade e do bem, e o melhor sinal de que efetivamente estamos avançando é a perda do contato direto com muitas praias que antes eram, para nós todos, um refúgio consolador. Quanto mais ao mar alto mais largueza e mais experiência.

11 A tempestade na costa ensina poucas lições, mas em pleno oceano é sublimada instrutora. Revela no perigo a majestade de Deus e fixa no viajante certos valores morais que o descanso no cais não pode plasmar. Sei que a romagem, nesse aspecto, é dolorosa e aflitiva, mas é o único gênero de travessia que nos deve tentar, de vez que a passagem é da sombra para a luz, compelindo-nos a bailar indefinidamente na obscuridade ou a seguir na direção de claridades excelsas, de acordo com a nossa atitude pessoal, diante do mundo e diante da vida. Deus nos abençoe, a fim de que o desânimo não interfira em nossos interesses imortais.

12 Meu caro Rômulo, estou cooperando em benefício de sua saúde no silêncio, mas no desdobramento do resfriado em curso aconselho você a usar por uma semana os seguintes elementos: Kali Bic., Ipecacuanha, Gelseminum e Aconitum, todos de 5ª; e 1/2 cálice de água com 5 a 8 gotas (não mais) de Pulmonina ao levantar-se e ao deitar-se, durante o mesmo espaço de tempo. Quanto ao mais a mente adestrada nas aplicações do automagnetismo curador fará o resto. Estarei e estaremos em sua companhia para o serviço de assistência necessário.

13 Desejo a vocês todos muita felicidade nos trabalhos abençoados de sempre, e de alma voltada para o Alto, pedindo a bênção do Senhor para vocês, para os nossos e para nós mesmos, deixa-lhes um grande e carinhoso abraço o papai reconhecido e amigo de sempre,


A. Joviano


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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