O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Colheita do bem — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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O passado espiritual

09/05/1951


1 Meu caro Rômulo, Deus abençoe a você, ao lado de meus netos, cercando-lhes a estrada com as bênçãos divinas da saúde e da paz, da alegria e do bom-ânimo.

Aqui me encontro, rejubilando-me com você ante o êxito de sua viagem, sob todos os sentidos. Além do trabalho habitual, você recolheu a alegria de um bom entendimento com superiores hierárquicos e companheiros do serviço administrativo. Creia, meu filho, que muito me regozijo diante das expressões de solidariedade e reconforto que o seu espírito de batalhador do progresso e do bem vai recebendo, em todos os campos de ação.

2 Você não tenha dúvida. Muitas vezes parecem pouco permeáveis à nossa compreensão os assuntos em conexão com o passado espiritual, mas, em verdade, somos constrangidos a reconhecer que cada ano de luta na carne nos coloca em contato com novos personagens e situações de nosso pretérito remoto e próximo. E em muitas ocasiões, meu filho, certos grandes credores de nosso espírito só aparecem na senda que trilhamos quando já conseguimos amealhar melhores e mais amplos recursos de pagamento ou de redenção. A Bondade Infinita não nos conduz a problemas inúteis ou a testemunhos prematuros. Defrontado por adversário complexo que se encontra na lista de nossos associados do reajuste, usemos nele, com ele e em torno dele os antissépticos da lição de Jesus.

3 Você está agindo muito bem sustentando a calma e a tolerância construtiva. Não devemos adubar espinheiros nem derramar pedras sobre as rochas. O serviço nosso condiz muito mais com o esclarecimento e com a boa vontade. Consideramos, muitos amigos nossos e eu mesmo, o seu comportamento muito louvável. Você abriu as portas de sua tarefa ao perseguidor gratuito e mostrou-lhe a essência de suas realizações, e se a compreensão se mantém dentro do subnível, que se há de fazer? Vale mais a paciência em momentos desses e confiamos em seu espírito de trabalho e em suas fibras de resistência edificante. A serenidade é o baluarte em que se apoia a vontade de Deus na expectativa de melhoria dos homens. Um dia você verá com outros olhos o cérebro que nos acusa e compadecer-se-á mais vivamente conosco em seu benefício. Por agora, baste-nos saber que ele é um irmão infeliz, com agravo crescente de débitos e enigmas. Que Deus o abençoe e ajude sempre.

4 Reconhecemos que você voltou revestido de poder para efetuar qualquer providência que lhe pareça viável, todavia, reafirmamos para os seus ouvidos atentos que, antes de tudo, convém as aplicações do estatuto legal nos casos diversos em que se subdividem os seus problemas últimos no trabalho de sempre. Não temamos. O auxílio procede de todos os lugares e nenhum de nós permanece desamparado. Siga os ditames de sua consciência e de seu coração. Você sabe que o seu espírito jamais se arrependeu de haver auxiliado.

5 Há tanta ignorância produzindo perturbação e miséria no mundo que, francamente, fora dele a nossa visão se inclina incontestavelmente para a grande piedade. Com essas palavras, não enuncio um desejo particular. Você possui as graves responsabilidades de quem orienta e saberá melhor que seu pai o que devamos fazer. De qualquer maneira, acompanhá-lo-ei ao nosso trabalho e à nossa boa luta.

6 Sem dúvida, as autoridades honraram o seu espírito de realizador e lhe conferiram recursos extensos para as soluções drásticas e apressadas, entretanto, considero que a nossa posição coletiva é muito delicada. Voltou ao poder um homem de índole respeitável e excelente, mas apaixonado pelas decisões de caráter imediatista e absoluto. Cercado de inteligências veneráveis e cultas nos diversos ministérios da nação, de modo algum deixará de dobrar-se às insinuações políticas do nosso tempo, sustentando-se invariavelmente na “maioria numérica”, preferindo ferir o serviço a desagradar a multidão. O ponto de vista externado por nossos amigos da Diretiva Geral é sumamente valioso, no entanto, cabe-nos ponderar o isolamento do meio e a distância a que nos encontramos do “centro orientador” do país para desdobrar os quadros definitivos com muita calma e auxílio fraternal.

7 Compreendo perfeitamente as suas reflexões dos dias últimos e dou razão a você de modo pleno. Tanto quanto eu você sabe que há ordens e determinações que se alteram apressadas com o simples objetivo de não contrariar esse ou aquele grupo. É o mal da política de intriga, de perturbação, de assédio. Ainda temos muito escalracho em nossos campos, com os quais precisamos terçar as armas do esforço digno antes que possamos fazer erguida e robusta, em nossa esfera de ação, a árvore abençoada e renovadora da verdadeira democracia. Trabalhemos pelo advento dela, dando à nossa grande causa de libertação espiritual quanto possamos dispor de melhor.

8 Estamos vivendo horas muito graves em toda parte. Aliás, é indispensável ponderar que no Brasil as inquietudes desse gênero são mínimas quando confrontadas com as aflições dos outros povos. É um tempo de transição muito acelerada, dentro do qual se faz mister a adoção da serenidade como antídoto de muitos estados mórbidos especiais da mente coletiva. Avancemos para diante, agindo e auxiliando, aprendendo e servindo. A isenção de responsabilidades e compromissos virá triunfalmente depois. Anime os nossos companheiros de ação, ajude-os a raciocinar e, certo, receberemos do Alto a luz de que carecemos para caminhar sem sombra para a vanguarda que nos compete atingir.

9 Aos nossos, inclusive aos nossos caros amigos General Aurélio e irmã Júlia, vamos procurando amparar na medida de nossas possibilidades singelas. Jesus conceda a todos muita coragem e forças para a superação dos obstáculos que ainda lhes surgem na caminhada para adiante. Peço ao Senhor para que os seus esforços sejam amparados por todos os que nos estendem braços magnânimos do Alto, e assinalando a falta que a nossa querida Maria nos faz, e pedindo para ela a paz que aqui desfrutamos, nesta abençoada noite de oração e de alegria, deixa-lhes um grande e carinhoso abraço o papai muito amigo de sempre, que deseja a você, à Maria e aos netos muitas felicidades, júbilos e bênçãos em todos os momentos da vida,


A. Joviano


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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