06/12/1950
1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita paz e bom-ânimo aos corações.
Hoje, depois de haver cooperado nos trabalhos de socorro em serviços de amparo a pessoas de nossas relações no Rio (em seguida à grande tempestade lá havida), tive a alegria de acompanhá-los à festa escolar.
2 Você, meu filho, fez muito bem encorajando os pequenos. São rebentos na árvore da vida humana, reclamando o orvalho do amor e o estímulo para prosseguirem no justo desenvolvimento. A escola está viva dentro de mim e, por isso mesmo, é sempre um elo a reunir-nos e a enlaçar-nos de novo. O estabelecimento cuja formação você vai superintendendo realmente representa para mim um incentivo à boa luta. A Escola Rural João de Barro merecerá o apoio celeste para que se concretize na Terra e nessa doce expectativa esperarei o futuro para enriquecer a nossa tarefa, incorporando novos companheiros, infantis agora, à nossa caravana de lidadores do bem e da luz.
3 Acordar a criança para que a história e a ciência descerrem as câmaras sublimes do pensamento é obra das mais meritórias entre as criaturas. O templo pode ser uma grande instituição socorrista, mas a escola brilha acima dele, por descortinar caminhos novos e novas revelações aos que procuram o roteiro fiel da redenção. Unamo-nos nessa obra de santificação e aprimoramento. Ensinar para o bem comum é o grande benefício que muitos povos esqueceram e daí essa luta sanguinolenta indefinida, que martela o espírito da humanidade desde os albores do século presente. Por alheamento do livro, os homens se despenham no precipício e olvidam quanto lhes ensinou Aquele que para nós todos foi o portador da vida abundante. Assim, em nosso setor de serviço, façamos o possível para materializar a ideia. 4 Doemos tudo a semelhante realização, porque o Senhor se confia a nós, quando confiamos a outrem para o soerguimento geral quanto se encontra ao alcance de nossos corações e de nossos braços. Não importa que o beneficiário passe, melhore, evolua, se engrandeça e olvide. Importa fazer o bem como a doce obrigação de viver. Nossas almas foram criadas para respirar na espontaneidade das bênçãos fraternais, em todos os ângulos do caminho, e se alguma contrariedade se sobrepõe à nossa cooperação na vida recordemos que o Cristo, para ajudar-nos e esclarecer-nos, não só entregou-se à nossa elevação, mas consagrou-se à cruz para fazer elevar os mais desclassificados da sorte à condição de filhos de Deus.
5 No ministério do ensino, há sementeiras esperando-nos o concurso em quase todos os lugares. Façamos o possível por emprestar o nosso apoio e a nossa solidariedade em quaisquer circunstâncias dentro das quais a nossa contribuição possa ser útil. Sementeiras e sementeiras — eis o nosso programa, a fim de que o homem de amanhã encontre o caminho evolutivo mais aplainado e mais nobre, avançando à frente.
6 Ainda agora estive em companhia de vários amigos nos setores coreanos de luta e dói ver a miséria espiritual com que o povo representado por todas as classes se atira à luta. O momento terrestre é dos mais graves. Ajuntemos a luz singela de nossa oração aos que se encontram em prece nas mais diferentes zonas do mundo. Tememos, de nosso lado, que o flagelo se desencadeie mais vigoroso que 1939, alicerçando agora as suas operações sobre a desintegração da força atômica e sobre os gases, nas mais variadas fórmulas, que a ciência, a serviço da guerra, vai selecionando para o aniquilamento dela própria e do mundo. 7 De tudo o que se descobriu nos tempos últimos, depois da desintegração do átomo, consideramos o gás enlouquecente a mais terrível das armas, porque pode, em verdade, provocar surtos generalizados de loucura nas cidades sobre as quais for projetado. Que Jesus nos abençoe e nos ajude nestas horas difíceis da Terra, porque onde há sofrimento para muitos não pode haver paz e alegria para alguns. De nossa parte, estamos trabalhando e contamos com o concurso de todos os que se mantêm voltados realmente para uma vida superior. Seja a coragem o nosso sustentáculo e a bondade divina o nosso farol aceso.
8 Estou muito satisfeito com a ida de vocês ao Roberto, a fim de acompanhá-lo no expressivo caminho em que entrará ainda neste mês. Não se preocupem pelo aniversário de minha vinda. Estarei com vocês em qualquer parte e das 16 velinhas de 1950 ofereço 8 a vocês e 8 aos netos, pois que não poderemos passar o nosso bolo de entendimento perfeito em outra parte. n Formulo votos para que tudo nos corra bem, em me referindo ao porvir do neto, naturalmente interessado no ingresso ao trabalho definitivo. Jesus nos ajudará a situá-lo em posição segura, atentos, quanto nos cabe, ao seu problema de moço em semicompromisso. Que o Céu lhe abençoe os sonhos e aspirações de rapaz.
Com os cumprimentos ao nosso Guimarães, n com sincera alegria e muito carinho, reúno vocês todos num grande abraço. O papai muito amigo de sempre, com muita saudade, gratidão e afeto,
A. Joviano
Notas da organizadora:
[1] Vovô Arthur desencarnou a 14 de dezembro de 1934, portanto, da data da mensagem decorreram-se 16 anos.
[2] Em referindo-se a Francisco Guimarães, grande amigo da família Joviano, residente em Belo Horizonte.