O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Colheita do bem — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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Que alguém nos não ame é natural

07/12/1949


1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês todos, concedendo-lhes muita saúde, alegria e paz.

Também por nossa vez rendemos graças pela galhardia com que vamos atravessando a tempestade.

Nossos(as) companheiros(as) de muito tempo precisam mais de oração que de outro elemento mais humano, no círculo das atividades comuns.

2 Eu sinto, sincera e profundamente, a atitude a que se recolheram, dentro da experiência humana. Excetuamos as dificuldades a que nos arrojaram, sob o ponto de vista sentimental, a fim de que tais argumentos não possam ser acusados de personalistas e lembremo-nos do patrimônio de tempo, cultura e possibilidades de que se vão desfazendo incessantemente.

3 Não se vive dentro de um âmbito de vantagens dessa ordem sem graves compensações das leis que nos regem, quando não fornecemos testemunho de aproveitamento benéfico. Em verdade, sofrem na solidão anterior a que se relegaram nas esferas da prova e essas dores, ignoradas e desconhecidas, me comovem as fibras mais ínfimas do sentimento paternal, porque é sempre uma viagem amargurosa aquela em que o coração é constrangido a marchar sem o alimento afetivo da fonte conjugal. Todavia, compreendo, por minha felicidade, que não são esses corações queridos os únicos a sofrerem a caminhada dessa natureza. Há milhares de outros em condições mais dolorosas e escuras, enfrentando conflitos ásperos com a necessidade, com a treva, com o crime. Elas, no entanto, possuem um celeiro rico de oportunidades preciosas menos pregadas.

4 Que alguém nos não ame é natural. Ainda não apareceu na Terra a pessoa que possa receber as simpatias de todos, indistintamente, considerando que o próprio Cristo não conseguiu harmonizar até hoje a conceituação dele próprio no espírito dos outros. Em razão disso, as lutas que por muito tempo recolhemos da indiferença se fazem justificáveis, mas não podemos entender os tesouros enferrujados em mãos daqueles que dispõem de tanto recurso para auxiliar, semeando o bem e engrandecendo-o. É nesse prisma que mais profundamente deploro quem se constitui nesta carta em objeto de nossas recordações.

5 O tempo está vivo. As condições de aprimoramento e preparação se sucedem, sempre mais ricas de trabalho e luz. A experiência corre. Por que não nos valemos da bênção do dia para construir algo de útil que fale por nós a outros viajores, quando o nosso roteiro se tenha modificado?  6 Enquanto me movimentei no corpo, nem sempre podia dar sinais de reação e de luta, de indagação e de anseio espiritual. Instintivamente, percebia a função de religamento que me competia e estimava a posição do ouvinte e a passividade do observador que sabe silenciar e esperar. Tal característico, no entanto, nunca me subtraiu o dinamismo do ideal. Minha esperança na linha de batalha que escolhi jamais se congelou. Procurei a minha vocação de servir no ensino aos menos afortunados do corpo e do espírito, onde pudesse me insinuar.  7 Não formulo semelhantes afirmativas como quem procura entregar-se aos demais por padrão a ser assinalado. Eu sei quantos séculos devo despender na melhoria do próprio espírito e reconheço a extensão das experiências de que necessito para elevar-me. Desejo tão somente salientar os imperativos de construção espiritual a que somos constrangidos no tempo breve em que usamos os fluidos carnais.  8 Nesse sentido, as minhas impressões são inquietantes, porque os dias se modificam e ai daqueles que não modificam para melhor na passagem deles! Quando chegar a ventania, a que teto de substância espiritual se acolherão? Mais lhes valerá uma igreja romana bem sentida e aplicada que a expectação vacilante entre os choques dos princípios, porque então o tempo fugirá rápido, com desgaste, sem substituição imediata.

9 É por isso que peço a vocês a oração por todos. Haja por sobre os nossos “doentes” do espírito um pensamento incessante de auxílio paternal, porque desse remédio se fazem credores nas atuais circunstâncias da marcha. Quanto à atitude social de vocês, foi mais que razoável. 10 Não se extingue um braseiro com suprimento de combustível. Às vezes, os longos períodos de silêncio são imprescindíveis aos longos processos de reajustamento. Não convém acordar aquilo que seja ruinoso ou inútil à prosperidade cristã, dentro da vida. Mais aconselhável aguardar o serviço do tempo, o carpinteiro infatigável, que reforma todas as peças do nosso destino a golpes fundos de experiência, sem que lhe percebamos a grandeza invisível e gloriosa.

11 Contemos com o tempo e caminhemos para diante. Agiram muito acertadamente e criaram valores novos, no círculo da luta que outros iniciaram e alimentam. À presente altura dos conhecimentos que desfrutamos, mais vale trabalhar sozinho que pretender a conversão ou a transformação daqueles que nos seguem e não nos veem, nos escutam com os ouvidos e nos não entendem, nos conhecem pelo raciocínio, mas nos não recebem pelo coração. Deus nos proteja a todos.

12 Formulamos votos para que o Roberto se refaça e descanse por algum tempo, no lar, em breves dias.

Recomendo à Wanda continuar em uso das vitaminas e espero se previnam contra a visita da gripe, sempre mais obsidente e mais forte a esta fase da estação chuvosa e quente, com ondas frias de improviso.

Desejando a vocês muito boa saúde, com muita paz e alegria nos corações, sou o papai muito amigo de sempre,


A. Joviano


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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