11/05/1949
1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita saúde, paz, alegria e bom-ânimo.
O retorno ao lar é sempre recomeço — recomeço de trabalho com a esperança no Mais Alto na jornada para a frente.
2 O mundo exterior para vocês, agora, é muito mais um campo de serviço e observação que um parque de refazimento e recreio. A luz do Evangelho descortina vastos horizontes interiores e, conduz-nos ao contato da verdadeira claridade espiritual, encontramos o entretenimento construtivo para o coração habilitado, hoje, a selecionar o próprio alimento e como, para nós, nos dias que correm, só conseguimos repouso agindo no bem, o campo doméstico é sempre o nosso maior ninho de serviço. Isso valoriza o santuário familiar, porque o “outro mundo”, o mundo onde há tempestade de sentimento, indiferença e perturbação é lá fora, de onde o espírito evangélico regressa invariavelmente enriquecido de renovados impulsos de trabalho salutar. 3 Nessas diretrizes, as excursões de vocês se fazem cada vez mais valiosas, possibilitando-lhes elevado esforço comparativo. De certo modo, partilham vocês, no presente, da posição de muitos companheiros de boa vontade situados no Plano a que fomos transferidos. Trabalham para o mundo sem pertencerem a ele, ajudam aos irmãos da humanidade indistintamente, sem cogitarem de parentesco, que passa a ser, de fato, inexistente e, atravessando outra cidade e situações que não essas a que nos adaptamos, se sentem em casa, identificados com os outros pela linguagem e pelos hábitos, mas, no fundo, na verdadeira condição de estrangeiros sob o ponto de vista espiritual. 4 Nossos objetivos são diferentes das metas comuns, nossas atitudes intrínsecas diferem da posição vulgar de quase todos e nossos propósitos mais íntimos são tão diversos daqueles que caracterizam a multidão dos nossos melhores amigos que, muita vez, é preciso ouvi-los longamente para que lhes possamos ser úteis nos planos a que se confiam. É a viagem espiritual que vocês vão efetuando, quase sem sentir.
5 A Terra, em si, movimenta-se e marcha, porque se submete à lei divina que a impulsiona para o alto e a criatura dentro dela, que age e se eleva pelo trabalho constante, igualmente move-se e adianta-se. Infelizes dos que param, porque o gelo do inverno pode cristalizá-los por muito tempo. Nesse espírito de renovação, cumprimento a vocês com a ternura de sempre.
6 Prossigam, assim, experiência afora, conhecendo as necessidades de todos e satisfazendo a cada um de acordo com as próprias possibilidades. Para nós, agora, o “receber e dar” e “dar e receber” são programas fundamentais que nos dirigem para Jesus Cristo. Graças inumeráveis são projetadas sobre nós! Que o Senhor nos auxilie a usá-las na extensão do infinito bem.
7 Estou satisfeito com o esforço desenvolvido por minha querida neta no sentido de iluminar-se espiritualmente cada vez mais, com a segurança do trabalho terrestre estimulado e garantido. Em Wanda, tenho a satisfação de encontrar a espiritualidade superior, não latente, mas atuante e vigorosa, qual a madureza num fruto precioso: a experiência terrena para a mocidade que se destina aos portos da luz muita vez se reveste de espinhos e tropeços de vulto. A alma serena, contudo, sabe superá-los e convertê-los em benefícios. 8 Quase sempre os problemas se avolumam em derredor dos jovens bem orientados e seguros de si mesmos, entretanto, quando sabem perseverar no roteiro da sublimação, as dificuldades, por mais ásperas que sejam, se atenuam e desaparecem naturalmente. Nesse sentido, minha querida Wanda, rogo a Jesus fortalecer a você para que em seu coração prepondere, em qualquer ocasião, a bússola do equilíbrio perfeito. 9 A existência no corpo é rápida e apressada. Uma viagem quase “fulminante” quando analisada de cima, do lugar em que o vovô já consegue enxergar um pouco mais. 10 Quem espera em Cristo nunca perde e a vida em si possui âmbito vastíssimo e tão sublime que a sua grandeza transcende, por enquanto, a nossa capacidade de ajuizar e entender. Conserve, acima de tudo, a flama acesa de seu idealismo edificante. 11 Um coração sem bandeira enobrecedora na Terra é, a princípio, um viajor sem destino, para ser, logo após, um náufrago potencial ou definitivo. 12 Cuidemos dos tesouros que Deus nos deu a cultivar e Deus cuidará sempre dos tesouros que nos pertencem. Nossas aspirações vibram nas “mãos paternais” do Alto e só nos cabe rogar, trabalhando e servindo, nos seja concedido o necessário ao nosso proveito real. 13 Creia, minha neta, que linha alguma aparece em nossos caminhos sem razão de ser. Naturalmente que o Mestre divino nos concedeu, no presente, as linhas alvas e brilhantes com que possamos tecer a túnica lirial do porvir, mas não é menos certo que em muitas ocasiões surgem linhas escuras, como que procurando perturbar a confecção da indumentária nova. Semelhantes fios, porém, chegam do passado distante e se para muita gente é preciso rompê-los pela violência, para nós, com o auxílio divino, há possibilidade de alvejá-los e purificá-los pelo nosso próprio trabalho na redenção. 14 Você naturalmente ponderará os aspectos mais complicados dos problemas, entretanto, assevero com prazer que você não está só nas operações mentais da jornada. Estaremos em sua companhia muitos outros amigos e eu, cooperando no engrandecimento de suas energias. Todo o bem que você deseja fazer está sendo feito, porque o pensamento é uma força viva e, mais tarde, verá pessoalmente quão maravilhosa é, para a nossa alma, a conjugação do verbo “ajudar”. Estaremos juntos em todos os ângulos da marcha e nem poderia ser de outro modo. Subamos às frondes mais altas, como sempre você nos ensina, e caminhemos para a frente.
15 Usem todos a nossa homeopatia antigripal. É prudente e útil semelhante medida de preservação da harmonia orgânica. Muita paz e alegria para vocês todos. Peço à Maria escrever ao Roberto, pedindo a ele se concentre, cada noite, antes do sono, pensando em mim. Vou aplicar-lhe uns passes de restauração no antebraço.
16 Que o Senhor nos abençoe a todos.
Guardem o pensamento afetuoso com um grande abraço do papai muito amigo de sempre,
A. Joviano