O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Correio do Além — Familiares diversos


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Pedro Rufino

Pedro Rufino nasceu a 28 de maio de 1926 em São Paulo — SP. Casou-se com Adelina no dia 2 de maio de 1953, com quem teve cinco filhos. Desencarnou após um aneurisma cerebral no dia 19 de agosto de 1980.

Católico por criação, teve contato com o Espiritismo pela primeira vez quando seu filho Domingos recebeu uma mensagem psicografada por Chico Xavier, de um amigo falecido em acidente. A partir de então, interessou-se pela figura de Chico, mas não pela Doutrina Espírita.

No dia de seu enterro, 20 de agosto, Domingos foi acometido por uma crise de transtorno e desejou desde então receber uma mensagem de seu pai. Veja como esta expressão de vontade articulou-se:


DEPOIMENTO


“Na imensa dor que sentia pela perda de meu pai, o pensamento de que este contato poderia ser realidade foi um autoconsolo. Logo insisti para que meu tio Santiago, irmão de papai, fosse comigo a Uberaba. Tinha tanta fé de que entraria em contato com ele através de uma mensagem que, alguns dias antes da viagem, preparei uma pasta de documentos de meu pai para guardá-la.

Exatamente seis meses após o dia de seu enterro, a 20 de fevereiro de 1981, ele manifestou-se. Havia muitas pessoas e eu estava muito emocionado; conheci Chico pessoalmente nesta ocasião. Ele comentou que era uma bela data pois era também o dia do aniversário de meu avô. Eu estava surpreso e feliz: creio até ter visto meu pai enquanto Chico psicografava.

A certeza de que papai continua vivo transborda dentro de mim e estou convicto de que ainda teremos outros contatos objetivos.”


Domingos Rufino Benegas


MENSAGEM


1 Domingos, meu filho, Deus o abençoe.

2 Venho ao encontro de seu coração de filho para dizer-lhe que o pai amigo continua vivendo. Vejo nosso Santiago n ao seu lado e agradeço ao irmão amigo o carinho com que o acompanha. 3 Ainda não estou habituado ao processo de escrever com rapidez para ganhar tempo e, de certo modo, me reconheço acanhado neste ambiente de salão festivo, embora saiba que estou à frente de corações amigos, capazes de me oferecerem as condições necessárias para estas ligeiras notícias. 4 Filho, sou grato ao seu carinho, buscando-me a presença ou a memória, a fim de colher algum sinal de que continuo vivendo… Compreendo. 5 Tudo foi tão rápido em minha despedida compulsória que não dispus de tempo a fim de me entender com vocês, os filhos queridos e com a nossa querida Adelina, n a companheira que sempre viveu e continua vivendo para nós.

6 Filho querido, você está ainda quase menino, tantas são as experiências que se fazem necessárias para que um jovem se faça homem feito; entretanto, é a você mesmo a quem devo pedir paciência e cuidado no reconforto de sua mãe e no apoio aos seus irmãos, os nossos queridos Pedro Luiz, o José Carlos, o Oswaldo, n e a nossa querida Encarnação n que ainda são flores no jardim de nossa casa. 7 Custei muito a aceitar aquela intimação da morte, que me arrebatou ao convívio da família com tanta violência. Entendi, na asfixia que se me abatera sobre o peito, a chegada do instante mais difícil de tolerar…

8 Quis falar, movimentar-me, comandar meus impulsos, no entanto, uma força vigorosa me continha, qual se me vestisse inexplicavelmente com certa armadura de ferro que me imobilizava qualquer desejo de me expressar, tentando socorro ou procurando socorrer…

9 Diga à nossa Adelina da luta de pai em que me vi de um instante para outro no sofrimento do esposo que não conseguia o menor impulso para explicar-se… 10 Depois daquele estranho pesadelo em que vocês todos estavam no quadro de meus pensamentos enfermiços, com muita dificuldade me reconheci nos meus próprios raciocínios, mas me observava à maneira de um pássaro que caísse no refúgio em que achava, abatido ou semimorto…

11 Vi figuras que se movimentavam à minha frente, até que dentre todas reconheci meu pai Domingos n a me estender os braços…

12 Então, a morte era tudo aquilo que eu não esperava e que se traduzia por uma transferência de casa endereçando-nos para afeições que supúnhamos perdidas para sempre? Você, meu filho, é o nosso Santiago avaliarão como chorei, misturando a alegria de rever meu pai, a tia Encarnação, n a benfeitora Josefa n e a mãe Tereza, n ao mesmo tempo que a dor me tomava de assalto, em me recordando que teria agora as saudades de vocês comigo, para todo o tempo em que estivermos separados.

13 Não sei se você poderá entender tudo o que anseio dizer, mas o nosso caro Santiago esclarecerá o seu coração de rapaz. Auxilie-me com a sua paz no dever cumprido. Não deixe a mamãe Adelina sem o seu apoio e ensine aos irmãos como se deve comportar, diante de um coração maternal, que tem vivido unicamente para nós. Meu filho, perdoe a seu pai se lhe peço tanto!

14 Julguei que envelheceria na Terra, seguindo os filhos queridos na formação do futuro, mas os desígnios de Deus foram diferentes. Confie em nossa Fé.

15 Por maiores sejam as tentações para vantagens longe da família, enquanto perdurar a situação de vazio em que a nossa casa se vê, continue amparando a sua mãe e aos nossos. Há momentos em que, no mundo, os filhos se transformam simbolicamente em nossos pais.

16 Meu pai Domingos me auxilia a escrever e me lembra que devo terminar.

17 Filho, agradeça ao tio Santiago por mim, em casa abrace a mamãe Adelina com o amor que Deus nos permitiu cultivar. Muito carinho aos seus irmãos e, porque não disponho de mais tempo para escrever, receba a bênção de meu coração agradecido com muita confiança e com toda a dedicação do papai.


Pedro Rufino

20 de fevereiro de 1981.


NOTAS


1 — Santiago Rufino Cano — irmão.

2 — Adelina Benegas Rufino — esposa.

3 — Pedro Luiz; José Carlos; Oswaldo Benegas Rufino — filhos. Pedro Luiz e José Carlos são gêmeos.

4 — Encarnação Rufino Benegas — filha.

5 — Domingos Rufino Peinado — seu pai, já falecido.

6 — Tia Encarnação — poderiam ser duas pessoas ambas já falecidas: a madrinha de casamento, Encarnação Enéas Rufino ou a sogra, Encarnação Rufino Bejar.

7 — Josefa Montes — já desencarnada, mãe de Antônio Montes, tio de sua esposa Adelina.

8 — Tereza Cano Marin — sua mãe, já falecida.


Beatriz L. P. Galves


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