O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Correio do Além — Familiares diversos


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Virgínia Maria Sales Nogueira

DEPOIMENTO


“Após tão inigualável presente, que sei não o mereço, saí da passividade em que me encerrava e parti, com dificuldades, para redimensionar a minha vida no sentido de torná-la algo útil aos meus semelhantes e compreendi que quem sabe por este caminho, se não conseguir experimentar em termos pessoais a mesma felicidade quando com minha esposa na Terra, possa levar um pouco de ânimo e alegria a outras pessoas com as quais terei oportunidade de conviver…

Quanto à autenticidade da mensagem, injusto seria pretender dar realce a qualquer frase ou parágrafo. Todos mostram nitidamente um estilo definido, com caracteres personalísticos fortíssimos, facilmente identificáveis; lembrarei o trecho em que Virgínia refere-se quanto a “organizar-nos de tal modo que a vó Adélia passasse à nossa companhia…” — esta era uma meta reservadamente nossa.”


Edilberto Alves e Silva


MENSAGEM


1 Querido Pretinho (Pintinho?) n

2 Meu querido, que Deus nos fortaleça. Venho ao teu encontro. Não para frustrar-lhe as excursões do momento. Já sei. A dor foi imprevista e grande demais para que você não se sentisse acabrunhado, embora não vencido pelas circunstâncias. Peço-lhe calma. 3 Estou em companhia da Valéria, n que me recebeu com o encanto de alma em cuja beleza a querida irmã sabe viver. Surpresas foram muitas. Novidades são as maiores.

4 Entretanto, no momento, temos um só objetivo: Traze-lo ao refazimento espiritual. Não se detenha no quadro que a vida nos pede esquecer. Fevereiro não está em maio e, para atingirmos as presentes esperanças de maio, foi preciso atravessar o fevereiro que já foi arquivado nas prateleiras das horas.

5 Querido esposo, as nossas aspirações eram realmente muito grandes, controlar as situações, formar uma família bonita e robusta. Organizar-nos de tal modo que a vó Adélia n passasse à nossa companhia, economizar força para o trabalho em que você sempre se destacou e, depois, envelhecermos devagarinho, embalando netos que nos viessem dos filhos queridos que não chegamos a ter…

6 Nossos sonhos se modificaram, mas a nossa ligação espiritual é sempre a mesma. Não suponha que nada aconteceria se houvéssemos ficado em casa de nossa Fátima. n A nossa conta devia ser aquela e não podíamos faltar ao resgate. Agora, querido companheiro, é levantar a fronte para o Céu e caminhar adiante.

7 Sou muito agradecida à vó Adélia, à mãezinha Ana, ao papai Daniel, n à nossa Selene n e a todos os irmãos queridos, e à nossa Fátima, pelo bem que nos fizeram e continuam fazendo e peço a você, quando possível, recolocar-se em nosso recanto, onde viveremos de modo diverso. 8 Você está muito jovem para ficar sozinho. E aqui nossos sentimentos se ajustam à lógica. Se não posso continuar na posição de esposa, quem sabe? Poderei, talvez, sentir-me, se você assim me permitir, na condição de nova mãe para você. 9 Deus nos auxiliará a encontrar quem me tome o lugar a fim de auxiliá-lo em nossas vivências.

10 Aí no mundo físico, que ninguém me falasse de semelhante transformação, porque o amor no casal que se dedica à lealdade completa é paixão emoldurada em ternura incessante. Você sempre foi eu mesma, e eu fui você, tamanha a nossa integração um no outro, mas a liberação do veículo físico não me arrasou os sorrisos de esperança, mas me impeliu a pensar….

11 Preciso vê-lo mais tranquilo, mais nós mesmos. Noto que a sua vigília e o seu sono são uma busca estraçalhada de pranto. Compreendo. Nós não chorávamos e, sobretudo, sei que um homem do seu caráter não tem lágrimas a perder, no entanto, os seus pensamentos me procuram e ouço-lhes as perguntas do silêncio, como se as nossas mágoas tivessem voz. Por isso, entendo que a dor é nossa, mas você não é homem de se abater diante dos obstáculos.

12 Reformulemos o caminho. É preciso um grande esforço para realizar essa química de transfiguração na vida interior, mas já fiz a que me cabia efetuar. Minha afeição se alterou de tal maneira que a sua dor, com mais intensidade, dói por dentro de mim.

13 Querido Pretinho (Pintinho) do meu coração, não julgue esteja a sua Virgínia desmemoriada ou indiferente. Não é isso. Agora reconheço que o nosso amor é a ligação autêntica, formada pelas leis de Deus. 14 Amarei aquela que você encontrar para prosseguir na construção da nossa felicidade. Tê-la-ei por filha, já que separada de você, por forças da vida, mas sempre unida ao seu coração pelas bênçãos de Deus, nada dissolverá os vínculos espirituais que nos envolvem.

15 Valéria e eu receamos que você não suportasse o golpe que nos foi imposto, naturalmente, para nossa maior felicidade no futuro e oramos com fervor, rogando à nossa Mãe Santíssima nos afastasse de qualquer provação no sentido a que me refiro, pois não concebemos qualquer ideia de deserção em seu espírito nobre e correto de homem de bem. Abra o seu íntimo à fé em Deus e aguarde a passagem dos dias…

16 Nosso lar será reconstituído e seremos amparados na reconstrução de tudo o que representa a nossa alegria e a nossa razão de ser. Quando julgar oportuno, volte à nossa casa e abra as portas à luz da vida. Converse com a nossa Fátima e escute-lhe os pareceres. Aproximar-me-ei da querida irmã de modo a inspirá-la, pois sei que ela me aprovará as esperanças.

17 Querido meu, conduza aos nossos a mensagem de minha vida nova e recorde-me sempre viva ao seu lado. Em você e com você a alma toda de sua Virgínia.


Virgínia Maria Sales Nogueira

15 de maio de 1982.


NOTAS


1 — Pintinho — tratamento habitualmente dedicado ao esposo Edilberto Alves e Silva.

2 — Valéria — irmã de Virgínia, já falecida.

3 — Vó Adélia — avó materna das duas, residente em Fortaleza — Ceará.

4 — Fátima — cunhada de Virgínia (irmã do esposo, Edilberto).

5 — Mãezinha Ana e papai Daniel — genitores de Virgínia e Valéria.

6 — Selene — irmã mais nova de Virgínia e Valéria.


Beatriz L. P. Galves


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