1 Quando cheguei, sem luz, ao fim do dia
E penetrei, gemendo, a noite escura,
Encontrei, quase ao pé da sepultura,
Triste bruxa de máscara sombria.
2 — “Que fazes, desditosa e negra harpia?”
Indaguei a tremer, de alma insegura.
E respondeu a estranha criatura:
— “Teço angústia e pavor na cova fria…”
3 — “E quem és?” — insisti. Mas, nesse instante,
A megera agarrou-me, cambaleante,
E bradou: — “Ai dos míseros que venço!
4 Sou a vaidade humana desvairada…
E, desferindo horrenda gargalhada,
Rolou comigo ao precipício imenso.
Antero de Quental
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